Para testemunhar verdadeiramente o Evangelho, “os cristãos precisam da coerência entre aquilo em que se acredita, o que se anuncia e o que se vive”. O contrário disso é a “hipocrisia”, disse o papa Francisco na Audiência Geral de hoje (22) na praça de São Pedro, no Vaticano.

Continuando com o seu ciclo de catequese sobre a “paixão pela evangelização e o zelo apostólico”, ele disse que evangelizar “é mais do que uma simples transmissão doutrinal e moral”, pois “não se pode evangelizar sem testemunho”.

O papa disse que tudo começa "com um encontro pessoal com Jesus Cristo" e, tomando como exemplo a exortação apostólica de são Paulo VI Evangelii nuntiandi, lembrou que o testemunho dos cristãos é indispensável no mundo de hoje.

Francisco alertou para a "hipocrisia" de alguns cristãos que vivem como se não fossem. Para o papa, “uma pessoa é credível se houver harmonia entre aquilo em que acredita e o que vive”.

Voltando à Evangelii nuntiandi, o papa Francisco citou algumas das perguntas de Paulo VI: “Acreditas no que anuncias? Vives aquilo em que acreditas? Anuncias o que vives?” (cf. ibid.).

Segundo Francisco, “não podemos contentar-nos com respostas fáceis, predefinidas. Somos chamados a aceitar até o risco desestabilizador da busca, confiando plenamente na ação do Espírito Santo que age em cada um de nós, impelindo-nos sempre mais além: além dos nossos confins, além das nossas barreiras, além dos nossos limites de qualquer tipo".

“O testemunho de uma vida cristã comporta um caminho de santidade baseado no Batismo”. “A santidade que não é reservada a poucos; é dom de Deus e deve ser acolhida e feita frutificar para nós e para os outros”, disse o papa.

“Paulo VI ensina que o zelo pela evangelização brota da santidade, nasce do coração repleto de Deus. Alimentada pela oração e sobretudo pelo amor à Eucaristia, a evangelização, por sua vez, faz crescer em santidade quantos a levam a cabo”, disse.

Para o papa, “a Igreja precisa ser sempre evangelizada, se quiser manter seu frescor, seu impulso e sua força para anunciar o Evangelho”.

“Uma Igreja que se evangeliza para evangelizar é uma Igreja que, guiada pelo Espírito Santo, é chamada a percorrer um caminho exigente, uma senda de conversão, de renovação”, disse.

“Isto implica também a capacidade de mudar os modos de compreender e viver a sua presença evangelizadora na história, evitando refugiar-se nos âmbitos protegidos da lógica do ‘sempre se fez assim’. São refúgios que adoecem a Igreja. A Igreja deve ir em frente, deve crescer continuamente, e assim permanecerá jovem”, disse.

Segundo o papa, "deve ser uma Igreja que se encontra dialogicamente com o mundo contemporâneo, que tece relações fraternas, que gera espaços de encontro, colocando em ação práticas de hospitalidade, de acolhimento, de reconhecimento e de integração do outro e da alteridade, e que cuida da casa comum que é a criação”.

“Uma Igreja que dialoga com o mundo contemporâneo, mas que se encontra com o Senhor todos os dias, dialoga com o Senhor e deixa entrar o Espírito Santo, que é o protagonista da evangelização”, disse.

Para o papa Francisco, "sem o Espírito Santo, só poderíamos fazer publicidade da Igreja, não evangelizar. É o Espírito Santo em nós que nos impele à evangelização e esta é a verdadeira liberdade dos filhos de Deus”.

O papa concluiu convidando os fiéis a ler a Evangelii nuntiandi e contou que a lê com frequência, porque é a “obra-prima de são Paulo VI, é a herança que nos deixou para evangelizar”.

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