Antes do Ângelus de hoje (19), papa Francisco refletiu hoje (19), no IV domingo da quaresma, o Evangelho de Jo 9, 1-41, em que Jesus cura um cego de nascença, mas “essa maravilha não é bem recebida por várias pessoas e grupos”, declarou Francisco.   

Para o papa o Evangelho de João “mostra como Jesus procede e como procede o coração humano”, com um coração: “bom, morno, medroso e corajoso”.

Francisco conta que as pessoas receberam “esse sinal” com falatórios, como fez “em primeiro lugar, os discípulos”, que “diante do cego de nascença: perguntam-se se a culpa é dos pais ou deles próprios (cf. v. 2)”. “Eles estão procurando um culpado; e muitas vezes caímos nisso que é tão conveniente: procurar um culpado, em vez de fazer perguntas desafiadoras na vida. E hoje podemos dizer: o que significa para nós a presença desta pessoa, o que ela nos pede?”, indagou.

Seguindo seu comentário, o papa diz depois da cura do cego “as reações aumentam”, em primeiro lugar “com os vizinhos, céticos”, que dizem: “Este homem sempre foi cego: não é possível que veja agora, não pode ser ele! É outro! (cf. vv. 8-9)”.

“Para eles é inaceitável, é melhor deixar tudo como estava antes e não entrar neste problema. Têm medo, temem as autoridades religiosas e não se pronunciam. Em todas essas reações, surgem corações fechados diante do sinal de Jesus, por diversos motivos: porque procuram um culpado, porque não sabem se surpreender, porque não querem mudar, porque são bloqueados pelo medo. E muitas situações se parecem com isso hoje. Diante de algo que é realmente uma mensagem de testemunho de uma pessoa, é uma mensagem de Jesus, caímos nisto: procuramos outra explicação, não queremos mudar, procuramos uma saída mais elegante do que aceitando a verdade”, declarou o papa.

Segundo Francisco, “o único que reage bem” com o milagre que Jesus realiza “é o cego”, que estava “feliz por ver”, por ser “testemunha do modo mais simples do que lhe aconteceu, pois ele era cego e agora enxergava. Porque “antes, era obrigado a mendigar para viver e sofria os preconceitos do povo”. E “agora, livre de corpo e espírito, dá testemunho de Jesus, nada inventa e nada esconde”.

“Quando Jesus nos cura, restitui-nos a dignidade, a dignidade plena da cura de Jesus, uma dignidade que vem do fundo do coração, que toma conta de toda a vida; e no sábado, diante de todos, libertou-o e deu-lhe a visão sem lhe pedir nada, nem sequer um obrigado, e ele dá testemunho disso. Esta é a dignidade de uma pessoa nobre, de uma pessoa que sabe que está curada e se recupera. Renasce aquele renascimento para a vida”, explicou Francisco.

Em seguida, o papa pede a todos os presentes na praça são Pedro se coloquem na cena do Evangelho, “com todos esses personagens” e se perguntem:  “que posição tomamos, o que teríamos dito então? O que estamos fazendo hoje? Como o cego, podemos ver o bem e ser gratos pelos presentes que recebemos? Como está minha dignidade? Damos testemunho de Jesus ou espalhamos críticas e suspeitas? Somos livres diante de preconceitos ou nos associamos a quem espalha negatividade e fofoca? Somos felizes em dizer que Jesus nos ama, que nos salva? Ou como os pais do cego de nascença nos deixamos enjaular pelo medo do que vão pensar? Como acolhemos as dificuldades e a indiferença dos outros? Como acolhemos pessoas que têm tantas limitações na vida? Seja físico, como este homem cego; seja sociais, como os mendigos que encontramos na rua. Acolhemos isso como uma maldição ou como uma oportunidade de nos aproximarmos deles com amor?”

“Peçamos hoje a graça de nos maravilharmos todos os dias com os dons de Deus e de ver as várias circunstâncias da vida, mesmo as mais difíceis de aceitar, como oportunidades para fazer o bem, como Jesus fez com o cego. Que Nossa Senhora nos ajude nisso, juntamente com São José, homem justo e fiel”, finalizou o papa

 

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