Em uma nova entrevista, o papa Francisco falou sobre a possibilidade de revisar a disciplina ocidental de celibato sacerdotal.

 

“Não há nenhuma contradição na possibilidade de um sacerdote casar. O celibato na Igreja ocidental é uma prescrição temporal: não sei se isso está estabelecido de uma forma ou de outra, mas é temporal nesse sentido”, disse o papa em entrevista publicada na quarta-feira (8).

 

“Não é eterno como a ordenação sacerdotal, que é para sempre, goste você ou não. Se você vai embora ou não é outra questão, mas é para sempre. Por outro lado, o celibato é uma disciplina”.

Ao ser questionado pelo jornalista argentino Daniel Hadad se o celibato “poderia ser revisto”, o papa Francisco respondeu: “Sim, sim. Na verdade, todos na Igreja oriental são casados. Ou aqueles que querem. Lá eles fazem uma escolha. Antes da ordenação, há a opção de casar ou ser celibatário”, disse, segundo uma transcrição feita pela agência de notícias Infobae.

Em resposta à pergunta do entrevistador se o achava que tornar o celibato opcional levaria mais pessoas a ingressar no sacerdócio, o papa Francisco disse: “Acho que não” e observou que já existem padres casados ​​na Igreja Católica nos ritos orientais.

O papa acrescentou que se encontrou mais cedo naquele dia com um padre católico oriental que trabalha na cúria romana, que tem uma esposa e um filho.

O papa Francisco já havia falado sobre o valor do celibato sacerdotal antes. Em janeiro de 2019, ele disse: “Pessoalmente, acho que o celibato é um presente para a Igreja. Eu diria que não concordo em permitir o celibato opcional, não".

O papa acrescentou na época que acha que há espaço para considerar algumas exceções para clérigos casados ​​no rito latino "quando houver uma necessidade pastoral" em locais remotos devido à falta de padres, como nas ilhas do Pacífico.

A entrevista de quase uma hora publicada hoje (10) por Infobae, uma agência de notícias online em espanhol com sede em Miami, EUA, também abordou o governo de Daniel Ortega na Nicarágua, o tráfico de drogas na América Latina, a guerra na Ucrânia e as nulidades de matrimônios.

Ao falar sobre nulidade, o papa Francisco aconselhou a observar o que seu antecessor Bento XVI havia dito sobre o assunto e disse que “grande parte dos casamentos na igreja são inválidos por falta de fé”.

“E pense nisso: às vezes alguém vai a um casamento e parece mais uma recepção social do que um sacramento”, disse o papa.

“Quando os jovens dizem 'para sempre', quem sabe o que eles querem dizer com 'para sempre'?”.

“Uma senhora muito sábia uma vez me disse: 'Vocês padres são muito animados. Para ser ordenado sacerdote é preciso passar seis, sete anos no seminário. Por outro lado, para casar, que é para toda a vida — porque um padre pode sair, para nós, por outro lado, é para toda a vida — eles nos dão quatro encontros' ”, acrescentou.

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