A Conferência Episcopal Polonesa disse que “mais pesquisas de arquivos” são necessárias para avaliar de forma justa uma nova alegação, baseada em relatórios da polícia secreta comunista, de que o papa são João Paulo II teria encoberto abusos sexuais de crianças por um sacerdote enquanto servia como arcebispo de Cracóvia, Polônia, antes de se tornar papa.

 

Essa alegação foi incluída em um documentário transmitido na segunda-feira (6) pela emissora de televisão polonesa TVN24.

 

A mesma reportagem também citou duas outras instâncias em que são João Paulo II, então arcebispo Karol Wojtyla, teria supostamente realocado o padre Eugeniusz Surgent e o padre Jozef Loranc para novas paróquias, apesar de saber que tinham sido acusados ​​de abusarem sexualmente de menores. No entanto, a Conferência Episcopal Polonesa observou em um comunicado publicado na terça-feira (7) que essas alegações, feitas primeiramente por um jornalista holandês em 2 de dezembro do ano passado, foram rapidamente  refutadas  por dois jornalistas investigativos no final daquele mês.

 

Os jornalistas Tomasz Krzyżak e Piotr Litka, descobriram que são João Paulo II não encobriu nenhum abuso e agiu consistentemente contra tais casos durante seu tempo como arcebispo de Cracóvia, de 1964 a 1978.

 

Os dois repórteres contestaram a alegação de que Wojtyla encobriu o abuso sexual de Surgent, observando que o padre era da diocese de Lubaczów, e não da arquidiocese de Cracóvia. Eles disseram que Wojtyla tomou várias decisões sobre Surgent  “dentro de suas competências”, mas acabou deixando “a palavra final sobre a possível sanção do padre para seu ordinário, o bispo de Lubaczów”.

 

No caso de Loranc, os dois repórteres disseram que Wojtyla retirou o padre da paróquia, o suspendeu e depois o obrigou a viver em um mosteiro onde as autoridades civis acabaram por prendê-lo. Quando foi libertado da prisão, foi novamente autorizado a celebrar a missa, mas não foi autorizado a retornar à “missão canônica de catequese de crianças e jovens” ou ao ministério do confessionário, segundo a investigação.

 

“Dois dos casos apresentados… já eram conhecidos do público há vários meses graças ao trabalho jornalístico dos editores Tomasz Krzyżak e Piotr Litka, que se baseou principalmente na análise dos autos dos processos penais estaduais disponíveis nos arquivos do Instituto da Memória Nacional”, disseram o padre Adam Zak e o padre Piotr Studnicki em uma declaração conjunta em nome da Conferência Episcopal Polonesa. “As descobertas já foram amplamente divulgadas”.

 

Zak é o coordenador da Conferência Episcopal Polonesa para a Proteção de Menores e Studnicki é o diretor do Gabinete do Delegado da Conferência Episcopal Polonesa para a Proteção de Crianças e Jovens.

 

Uma terceira alegação, que é um suposto encobrimento de abuso sexual supostamente cometido pelo padre Boleslaw Saduś, é uma nova alegação que não foi abordada em relatórios anteriores. O documentário alega que Wojtyla sabia que Saduś tinha sido acusado de abusar sexualmente de meninos, mas o recomendou a uma diocese na Áustria sem anotar essa informação.

 

No entanto, este terceiro caso “não foi apresentado com base em uma investigação do Ministério Público ou judicial, mas nos arquivos dos serviços de segurança da República Popular da Polônia”, disse o comunicado da Conferência Episcopal Polonesa. “Com base nas fontes apresentadas no filme, é impossível determinar a qualificação dos atos atribuídos ao padre Saduś”.

 

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O Serviço de Segurança era a polícia secreta e agência de contra-espionagem do governo comunista ateu que governava a Polônia e procurava subverter e controlar a Igreja Católica no país.

 

Zak e Studnicki também disseram que hoje há “uma consciência social muito maior sobre as consequências do abuso sexual” e que a Igreja “desenvolveu procedimentos e maneiras de responder e ajudar”.

 

“A todos aqueles que foram prejudicados desta forma pelo clero anos atrás e ainda carregam as consequências do mal experimentado, nós, como Igreja, oferecemos aceitação, escuta e apoio. Para mais detalhes, visite zgloskrzywde.pl . Determinar o papel e uma avaliação justa das decisões e ações do ordinário da arquidiocese de Cracóvia Karol Wojtyła, bem como uma explicação justa das acusações contra o cardeal Adam Sapieha, requer mais pesquisa de arquivo”, disseram os padres.

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