A organização de direitos humanos ChinaAid informou que as autoridades da província de Henan estão lançando um aplicativo para que os fiéis se registrem antes de ir aos serviços religiosos.

A ChinaAid, uma organização de caridade cristã com sede nos EUA, relatou na segunda-feira (6) que a Comissão de Assuntos Religiosos e Étnicos de Henan está desenvolvendo o aplicativo Smart Religion, no qual as pessoas devem fazer reservas antes de frequentar os serviços religiosos, mesquitas ou templos budistas.

A pessoa deve preencher um formulário com o nome, números de telefone e identificação, endereço permanente, ocupação e data de nascimento antes de poder fazer uma reserva.

Aqueles autorizados a entrar em um local de culto também devem ter suas temperaturas medidas, sugerindo que o aplicativo pode estar de alguma forma relacionado às restrições da covid-19.

Henan, que fica no centro-leste da China, tem uma das maiores populações cristãs do país - cerca de 6% - segundo uma pesquisa do governo de 2012. O regime comunista é oficialmente laico, e o mesmo estudo indica que só 13% dos 98 milhões de habitantes desta província pertencem a uma religião organizada.

Tecnicamente, o governo chinês reconhece o catolicismo como uma das cinco religiões do país, mas existe uma Igreja Católica clandestina, que é perseguida e leal a Roma.

As igrejas católicas aprovadas pelo governo, por outro lado, têm comparativamente mais liberdade de culto, mas enfrentam outros desafios, como a pressão do governo para censurar partes da doutrina católica e incluir o nacionalismo chinês e o amor pelo Partido Comunista na pregação.

A ChinaAid informou que há preocupações de que pessoas mais velhas e com menos conhecimento em tecnologia não possam se registrar para serviços religiosos, mas as autoridades disseram que a equipe as ajudaria a se registrar.

Para ChinaAid, o desenvolvimento e o lançamento do aplicativo fazem parte dos esforços do governo comunista para "gerenciar estritamente a religião de forma integral", em parte através da coleta de dados sobre os fiéis.

Mas o grupo também expressou preocupação de que essa barreira adicional possa afastar as pessoas da prática religiosa.

“Essas medidas de gestão não surgiram com a intenção de proteger os direitos religiosos das pessoas religiosas, mas são meios para atingir fins políticos”, disse.

A China Aid citou informações do Henan Daily da China, que em 24 de fevereiro “informou que Zhang Leiming, membro do Comitê Permanente do Comitê Provincial do Partido de Henan e chefe do Departamento de Trabalho da Frente Unida, foi ao Comitê Provincial Étnico e Religioso para investigar e disse que é necessário administrar estritamente a religião de forma integral, unir e orientar a maioria dos crentes religiosos a seguir o Partido Comunista Chinês sem hesitação.”

Em 2017, as autoridades ordenaram a demolição de um templo católico em Henan alegando ser uma "estrutura ilegal", prenderam dezenas de pessoas e confiscaram propriedades da igreja.

Em abril de 2016, Li Jiangong, um pastor de Zhumadian, outra cidade na província de Henan, perdeu sua esposa quando eles tentavam impedir que funcionários do governo demolissem a igreja em sua casa. Segundo o relatório anual mais recente da Comissão de Liberdade Religiosa dos EUA, o marido "escapou por pouco" da morte.

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