O padre Jacques Mourad, um monge que foi sequestrado na Síria por terroristas do Estado Islâmico (ISIS) em 2015 e conseguiu escapar após cinco meses de cativeiro, recebeu a consagração episcopal para servir como o novo arcebispo sírio de Homs, Síria.

Na missa de consagração de sexta-feira (3), dom Flavien Rami Al-Kabalan, procurador do patriarcado de Antioquia dos Sírios junto à Santa Sé, recordou que o novo arcebispo “colocou sua vida nas mãos do Senhor”.

Segundo o Vatican News, dom Flavien disse que Deus escolheu o novo arcebispo "para ser o pai espiritual que santifica as almas com os sacramentos da salvação e guia todos na oração e no jejum, o irmão paciente e amoroso, o sábio e sapiente mestre".

Também participaram da missa o patriarca sírio-católico Ignace Youssif III Younan; cardeal Mario Zenari, núncio apostólico na Síria; o patriarca melquita greco-católico Yoseph Absi; o patriarca sírio ortodoxo Mar Ignatios Aphrem II e vários outros bispos.

Na catedral onde foi celebrada a missa, dedicada ao Espírito Santo, também estiveram presentes fiéis de diversas partes do mundo, como Líbano, Iraque, França, Alemanha, Roma e outras regiões da Síria.

Dom Flavien também disse na missa que as feridas da guerra foram agravadas pelo recente terremoto que afetou a Turquia e a Síria, e que afetou gravemente Aleppo, cidade natal do atual arcebispo Mourad.

“Nestas provações, os batizados são levados a reconhecer que estão como que no exílio, porque nossa casa é o céu”, disse dom Flavien, que lembrou que Deus está sempre com seus filhos.

O celebrante também falou da "especial humildade e gratuidade" do novo arcebispo de Homs, filho espiritual do padre jesuíta italiano Paolo Dall'Oglio, fundador da comunidade monástica Dei Mar Musa, desaparecido no final de julho de 2013 quando estava em Raqqa, reduto do Estado Islâmico na Síria.

O sequestro perpetrado pelo Estado Islâmico

Em maio de 2015, membros encapuzados do Estado Islâmico invadiram o mosteiro de Mar Elian, Síria, e sequestraram o padre Mourad.

Em várias ocasiões durante seu cativeiro, um homem encapuzado o ameaçou com uma faca em seu pescoço.

Os sequestradores mudaram várias vezes o lugar do cativeiro até chegar a Qaryatayn. “Fiquei 39 dias naquela cidade, mas no 40º dia decidi fugir com a ajuda de um jovem muçulmano”, disse.

Durante os cinco meses que passou sequestrado, Mourad foi ameaçado de morte várias vezes. Seus sequestradores diziam que, assim que renunciasse ao cristianismo e se convertesse ao islã, seria libertado. Em todos e cada um dos dias de cativeiro, ele preferiu permanecer fiel a Cristo.

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