MADRI, 10 de jan de 2006 às 14:06
Com ocasião da 92ª Jornada Mundial do Emigrante e do Refugiado, a celebrar-se no dia 15 de janeiro, os bispos espanhóis pediram fazer uma "leitura cristã" do fenômeno migratório "a fim de obter a verdadeira integração social e religiosa" destes permitindo deste modo a edificação de "uma Europa que saiba ser casa comum".Na mensagem intitulada "Juntos construímos: o bairro, a Igreja, a cidade, o mundo", os bispos da Comissão Episcopal de Migrações, ecoam o Papa Bento XVI e qualificaram a migração como um "sinal dos tempos" que deve ser lido "desde a fé". "Esta leitura nos levará necessariamente a um compromisso individual e comunitário a fim de obter a verdadeira integração social e religiosa destes irmãos e nossas irmãs", apontaram.
Os bispos assinalaram que a "presença dos imigrantes entre nós, seu trabalho e sua contribuição positiva em diversos aspectos, também no religioso, a nossa sociedade e a nossa Igreja é uma autêntica riqueza para a sociedade e para a Igreja".
Mas, para que isto seja uma realidade, recordaram os bispos citando a Ecclesia in Europa de João Paulo II "que não se ceda à indiferença sobre os valores humanos universais e que se proteja o próprio patrimônio cultural de cada nação. Uma convivência pacífica e um intercâmbio da própria riqueza interior farão possível a edificação de uma Europa que saiba ser casa comum, em que cada um seja acolhido, ninguém se veja discriminado e todos sejam tratados, e vivam responsavelmente, como membros de uma só grande família".
De país de emigração a país de imigração
A comissão constata em sua mensagem que "a Espanha passou que ser um país de emigração a um país de imigração". "O Século XX, que desde o começo até os anos 80 se caracterizou pelas sucessivas emigrações de espanhóis à América e a determinados países europeus, experimenta nos últimos anos uma inversão de tendência", assegura o texto.
Em 1990 "havia na Espanha uma população estrangeira aproximada de um quarto de milhão, quinze anos mais tarde ultrapassou os 3 milhões e meio. A percentagem de estrangeiros sobre a população total é já aproximadamente de 8,4 por cento", acrescentam os bispos que pede tomar em conta desse "2,7 por cento de espanhóis (algo mais de um milhão) que ainda vivem no estrangeiro".
A resposta diferenciada da Igreja
Depois de ressaltar que o fato migratório não pode ser visto como um pouco meramente numérico e menos como um "perigo" ou uma "ameaça", a CEE exorta a enfrentar o fenômeno levando em conta a "totalidade da pessoa do imigrante".
Assim, a "resposta diferenciada da Igreja" pede tratar os imigrantes como "cidadãos de igual dignidade e com os mesmos direitos e deveres que os nativos, capazes de integrar-se plenamente em nossa sociedade".
Não basta tratar "como objeto de Caritas e simples destinatários de seus serviços, mas sim caem plenamente dentro do campo da pastoral da diocese" e demais instituições eclesiásticas. Dadas suas especiais características e circunstâncias, eles "necessitam de uma pastoral específica", acrescentam.
Do mesmo modo, a comissão episcopal insiste aos cristãos a "vencer todo preconceito étnico, cultural, político e religioso que tenhamos, principalmente para os imigrantes econômicos" e à própria Igreja a propor "uma verdadeira pastoral migratória integrada na pastoral geral da diocese, das paróquias e comunidades e das instituições e organizações católicas".
Por último, os bispos agradecem a Deus "pela presença, o serviço e a riqueza dos irmãos imigrantes entre nós, assim como pelas iniciativas, os serviços e as ações por parte das diocese e demais serviços da Igreja e dos próprios cristãos que estão realizando para defender ou devolver a dignidade e os direitos dos imigrantes".