O porta-voz da Conferência Episcopal Russa, padre Kirill Gorbunov, disse que, um ano após o início da guerra contra a Ucrânia, não parece haver uma “saída previsível”.

O padre Gorbunov, vigário-geral da arquidiocese católica romana da Mãe de Deus em Moscou, disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que "a maioria das pessoas sofre".

“Parece que a única solução proposta é agravar ainda mais o conflito”, disse o padre.

Segundo ele, quem o procura “em busca de orientação espiritual, fala de medo diante de um futuro incerto, de decepção e de raiva daqueles que acham que são os responsáveis ​​pela situação atual; às vezes também em relação a Deus e à Igreja”.

Ele disse que há “sofrimento por conflitos entre colegas, amigos e parentes, devido a diferentes pontos de vista políticos”.

Gorbunov disse que "há tantas famílias mistas russo-ucranianas, ainda mais na Igreja Católica, e em muitas delas as pessoas se encontram em lados opostos da frente".

“Isso causa muito sofrimento”, disse.

A geração que cresceu na União Soviética, extinta em 1991 e da qual fazaim parte tanto a Rússia quanto a Ucrânia, "em geral tende a se sentir absolutamente impotente diante do Estado, e não acredita que qualquer tipo de ação possa contribuir para uma solução pacífica."

Jejum e oração pela paz

O padre Gorbunov disse que os bispos “convidaram os fiéis a rezar e jejuar pela paz”.

“Continuamos pedindo para que a violência termine e pela restauração da paz nas orações dos fiéis. Alguns grupos de oração também estão fazendo orações especiais por esta intenção", disse ele.

O padre falou da importância da Consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria feita pelo papa Francisco em 25 de março do ano passado. “Estamos muito gratos ao Santo Padre pela consagração. Este ato enviou uma mensagem muito poderosa de que, aos olhos de Deus e de Maria, somos igualmente filhos deles”.

"A insistência do papa Francisco de que o conflito só pode ser resolvido por meio do diálogo e não do poder militar nos dá grande esperança", acrescentou.

Segundo o padre, “os católicos são uma pequena minoria na Rússia, menos de 1%”, e isso limita a capacidade da Igreja de responder ao drama da guerra.

As “nossas paróquias, especialmente no sul da Rússia, estão tentando encontrar uma maneira de ajudar todos que vêm até nós e pedem ajuda”.

O porta-voz da Conferência Episcopal da Rússia expressou sua "profunda gratidão às pessoas de todo o mundo, especialmente aos católicos, é claro, que sentem a necessidade de rezar pelo povo da Rússia, entendendo que a paz duradoura só pode ser alcançada através da conversão dos corações e não pela força”.

“Parece muito desanimador que 2 mil anos após o nascimento e ressurreição de Cristo, as pessoas que professam ser cristãs não encontrem outra maneira de resolver as tensões políticas senão matando umas às outras”, disse ele.

“O papa Francisco nos lembra que, como católicos, somos chamados a ser ‘pacificadores’, pessoas que se esforçam para dominar a capacidade de unir as pessoas e ajudá-las a resolver conflitos por meio da conversão dos corações”, disse.

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