O papa Francisco e a Igreja em Itália rezam por ao menos 59 migrantes que morreram ontem (26) num naufrágio nas costas italianas.

"Esta manhã soube com dor do naufrágio ocorrido na costa da Calábria, perto de Crotone. Já foram recuperados 40 mortos, entre os quais muitas crianças. Rezo por cada um deles, pelos desaparecidos e pelos outros migrantes sobreviventes", disse o papa depois do Ângelus de ontem (26).

O jornal italiano La Reppublica, relatou que já há 59 corpos de migrantes do Irã, Paquistão e Afeganistão, incluindo crianças e um recém-nascido, que foram recuperados pela Autoridade Portuária e pela Guardia di Finanza.

 

A embarcação que os transportava bateu nas rochas a poucos metros da costa de Steccato di Cutro e as autoridades italianas continuam buscando dezenas de desaparecidos.

Segundo testemunhas, havia cerca de 250 pessoas a bordo. Cerca de 80 migrantes foram resgatados até o momento.

Ontem (26), a primeira-ministra Giorgia Meloni expressou "profunda dor pelas muitas vidas humanas interrompidas pelos traficantes de seres humanos".

“É criminoso enviar ao mar uma embarcação de apenas 20 metros de comprimento com até 200 pessoas a bordo e com previsões meteorológicas adversas", disse ela.

"É desumano trocar as vidas de homens, mulheres e crianças pelo preço do 'bilhete' pago por eles sob a falsa perspectiva de uma viagem segura", lamentou.

 

Meloni disse que o governo italiano está comprometido em evitar as saídas marítimas deste tipo, a fim de evitar mais tragédias.

"A ação daqueles que hoje especulam sobre estas mortes fala por si, depois de ter exaltado a ilusão de uma imigração sem regras", lamentou ela.

Na sua mensagem de domingo, o papa Francisco agradeceu também “aos que levaram ajuda e aos que estão dando acolhida. Que Nossa Senhora ampare estes nossos irmãos e irmã”.

O cardeal Matteo Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana, também falou sobre a tragédia.

"Uma tristeza profunda e uma dor aguda atinge o país pelo enésimo naufrágio que ocorreu nas nossas costas. As vítimas pertencem a todos nós e nós as sentimos como nossas", disse ele num comunicado.

Zuppi disse que a Igreja na Itália se une "à oração do Santo Padre por cada um deles, por aqueles que ainda estão desaparecidos e pelos sobreviventes".

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"Encomendamo-los a Deus com um pensamento para as suas famílias", acrescentou ele.

Segundo o cardeal, esta tragédia recorda "que a questão dos migrantes e refugiados deve ser encarada com responsabilidade e humanidade".

 "O Mediterrâneo tornou-se um grande cemitério em 20 anos. São necessárias escolhas e políticas nacionais e europeias, com uma nova determinação e com a consciência de que não as fazer permite que situações semelhantes se repitam", disse ele.

Finalmente, falou da necessidade de uma "consciência europeia e internacional" que se traduza numa "resposta estrutural, partilhada e baseada na solidariedade entre instituições e países".

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