“A Igreja em Portugal deu passos importantes para resolver” a questão do abuso de crianças, “através do trabalho da Comissão Independente”, disse o arcebispo de Boston, EUA, e presidente da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores da Santa Sé, cardeal Seán O’Malley.

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal publicou seu relatório final na segunda-feira (13), sobre casos de menores na Igreja entre 1950 e 2022. No total, a CI recebeu 564 testemunhos, dos quais 512 foram validados. Segundo o coordenador da comissão, o psiquiatra Pedro Strecht, desses relatos, foi possível calcular um “número mínimo, muito mínimo, de 4815 vítimas”.

“Uno-me à Igreja em Portugal para agradecer à Comissão Independente pelo seu importante trabalho, que aponta para a necessidade de combater tudo o que promove o silêncio daqueles que foram afetados pelo abuso, silêncio que impede uma prevenção eficaz e a administração da justiça”, disse o cardeal Seán O’Malley, em um comunicado. O presidente da comissão pontifícia também agradeceu “aaos homens e mulheres que deram voz a décadas de silêncio e abriram caminho para um novo momento, na Igreja e na sociedade”.

Segundo o cardeal O’Malley, “a nossa primeira e principal preocupação deve estar, em primeiro lugar, com as vítimas, cujo direito à justiça e às necessidades de cuidado adequado deve ser uma prioridade conjunta”.

“Unimo-nos na manifestação de pesar a todos os que foram prejudicados por tal violação da dignidade humana e encorajamos qualquer pessoa que tenha vividos crimes semelhantes a não hesitar em denunciá-los às autoridades competentes”, disse.

O’Malley também reafirmou o papel da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, a fim de “reforçar o compromisso da Igreja com as vítimas e sobreviventes, na sua busca por justiça e, em última instância, na busca de cura”.

Pediu ainda um compromisso com a “defesa vigorosa dos direitos das vítimas e sobreviventes de abuso, e com a educação para prevenção, transparência, responsabilidade e tolerância zero na nossa Igreja”.

Por fim, o cardeal O’Malley disse que “a Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores espera agora ajudar a Igreja em Portugal na sua reflexão sobre as recomendações contidas no relatório final”.

 

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