O governo da Nicarágua deportou hoje (9) 222 presos políticos, entre eles vários padres e seminaristas.

O destino dos presos políticos, deportados após sentença do Tribunal de Apelações de Manágua, é Washington D.C., EUA.

A sentença diz que são deportados "os condenados que, por diferentes crimes, violaram a ordem legal e constitucional, atentando contra o Estado da Nicarágua e a sociedade nicaraguense, prejudicando o interesse supremo da nação".

Também diz que a deportação acontece "para proteger a paz, a segurança nacional, a ordem pública, a saúde, a moral pública, os direitos e liberdades de terceiros".

Entre os deportados estão os padres: Oscar Benavidez Dávila, 50 anos, pároco da paróquia Espírito Santo em Molokukú; Ramiro Reynaldo Tijerino Chávez, 50 anos, reitor da Universidade João Paulo II; Sadiel Antonio Eugarrios Cano, 35 anos, ex-vigário da catedral de Matagalpa; e José Luis Díaz Cruz, 33 anos, atual vigário da catedral de Matagalpa.

Também foram deportados o diácono Raúl Antonio Vega González, 27 anos, os seminaristas Darvin Esteylin Leiva Mendoza, 19 anos, e Melkin Antonio Centeno Sequeira, 23 anos, e o fotógrafo Sergio José Cárdenas Flores, 32 anos.

O padre Benavidez foi condenado no sábado (4), a 10 anos de prisão, enquanto os demais haviam sido condenados na segunda-feira (6), a 10 anos de prisão e 800 dias de multa, acusados ​​de conspiração e propagação de notícias falsas.

Fontes próximas ao caso do bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez, preso pelo governo da Nicarágua desde agosto de 2022 e mantido em prisão domiciliar em Manágua, dizem que o bispo foi retirado de sua casa por volta das 3h (hora local) hoje.

Algumas fontes dizem que o bispo está a bordo do avião com os deportados enviados aos EUA, embora a lista oficial não o inclua. Outras dizem que ele teria sido levado a uma prisão local, onde esperará o julgamento em 15 de fevereiro.

Segundo o jornal nicaraguense La Prensa, ao menos 40 presos políticos estavam na prisão El Chipote, famosa como centro de tortura dos adversários do regime sandinista no poder na Nicarágua, e são opositores de "alto perfil", incluindo estudantes universitários que se destacaram nos protestos de 2018.

“Os Estados Unidos dão hoje as boas-vindas a 222 indivíduos que foram presos pelo governo da Nicarágua por exercerem suas liberdades fundamentais e que sofreram detenções injustas por muito tempo”, disse o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, num comunicado.

“A libertação desses indivíduos, um dos quais é cidadão dos EUA, pelo governo da Nicarágua é um passo construtivo para enfrentar os abusos dos direitos humanos no país e abre as portas para um maior diálogo entre os EUA e a Nicarágua sobre questões de interesse", acrescenta.

“O evento de hoje é fruto de uma concertada diplomacia dos EUA e continuaremos apoiando o povo nicaraguense”, disse Anthony Blinken.

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