A Igreja da Inglaterra, também conhecida como Igreja Anglicana e separada da Igreja Católica desde o século XVI, vai considerar a possibilidade de usar uma linguagem de gênero neutro para se referir a Deus.

Segundo o jornal britânico The Guardian, na segunda-feira (6), a sacerdotisa Joanna Stobart perguntou ao Sínodo Geral, órgão legislativo da Igreja Anglicana, sobre o andamento do desenvolvimento de um gênero neutro em suas atividades religiosas.

Michael Ipgrave, bispo de Lichfield e vice-presidente da comissão litúrgica do Sínodo, respondeu que a Igreja Anglicana tem “explorado o uso da linguagem de gênero em relação a Deus por vários anos”.

Ipgrave disse que, após um diálogo entre duas comissões sinodais, "um novo projeto conjunto sobre linguagem de gênero começará nesta primavera", mas mudar a redação dos textos litúrgicos “exigiria um processo sinodal completo para aprovação”.

O jornal The Telegraph noticiou a declaração de um porta-voz da Igreja da Inglaterra, que disse que esta ideia não é "nada de novo".

“Os cristãos reconheceram desde a antiguidade que Deus não é homem nem mulher, mas a variedade de formas de se dirigir e descrever Deus encontrada nas Escrituras nem sempre se refletiu em nosso culto”, disse o porta-voz.

Embora esta notícia tenha sido bem recebida pelos membros do Sínodo, alguns líderes da Igreja Anglicana se manifestaram contra esta iniciativa.

Ian Paul, membro do Sínodo Geral e do Conselho dos Arcebispos da Igreja da Inglaterra, lembrou que a Bíblia “identifica Deus principalmente usando pronomes masculinos, nomes e imagens” e alertou que "o fato de Deus ser chamado de 'Pai' não pode ser substituído por 'Mãe' sem mudar o significado". Para ele, essa modificação distancia a Igreja Anglicana do fundamento das Escrituras.

Ao longo dos anos, a Igreja Anglicana introduziu uma série de mudanças por meio de seu Sínodo Geral.

Em 1984, o Sínodo votou a favor da ordenação sacerdotal de mulheres, enquanto em 2014 o mesmo mecanismo foi usado para permitir que elas fossem bispas.

Em 2018, a Igreja Anglicana aprovou a inclusão de uma liturgia especial “para marcar a transição de gênero de uma pessoa”.

Recentemente, o Sínodo Geral da Igreja da Inglaterra tomou a decisão de abençoar casais do mesmo sexo "para agradecer por seu casamento civil ou união civil e receber a bênção de Deus".

Em 2009, Bento XVI publicou o motu proprio Anglicanorum Coetibus, com o qual instituiu um ordinariato para os anglicanos que queiram entrar em plena comunhão com a Igreja Católica.

Desde então, muitos anglicanos que discordam das reformas implementadas pela Igreja da Inglaterra pediram para serem aceitos na Igreja Católica.

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