A Santa Sé fará uma visita apostólica (investigação) na diocese de Fréjus-Toulon, onde há muitas vocações e o bispo manifestou seu apoio à missa tradicional em latim.

Um comunicado da nunciatura apostólica da França, publicado pela diocese em seu site, diz que a visita apostólica é feita "por ordem do papa Francisco" e após "algumas dificuldades encontradas na diocese".

A visita apostólica, que estará a cargo do Dicastério para os Bispos, começará na segunda-feira (13) e será conduzida pelo arcebispo de Dijon, França, dom Antoine Hérouard, com a assistência do ex-secretário do Dicastério para o Clero, dom Joël Mercier.

Segundo o comunicado da nunciatura, a visita apostólica “oferecerá a oportunidade de aprofundar e continuar o trabalho feito pelo cardeal Aveline durante sua visita fraterna”.

“Assim, isso nos permitirá ter uma visão mais ampla e clara da situação que está a diocese de Fréjus-Toulon e refinar o marco das decisões tomadas por seu bispo, dom Dominique Rey, desde junho de 2022”, acrescenta o comunicado.

A "visita fraterna" a que se refere o comunicado foi feita a pedido da Santa Sé, em 2020, pelo arcebispo de Marselha, cardeal Jean-Marc Aveline.

O comunicado diz que na visita apostólica “será ouvido um grande número de clérigos e leigos responsáveis. Quem quiser prestar depoimento por escrito aos visitantes pode fazê-lo pelo endereço:  visite.apostolique@diocese-frejus-toulon.com”.

“Acolhemos esta notícia com um clima de confiança. Convidamos todos os fiéis e clérigos da diocese de Fréjus-Toulon a ter esta visita em suas orações, para que dê os frutos esperados para o bem de nossa Igreja”, conclui.

Suspensão das ordenações

Em meados de 2022, a Santa Sé ordenou à diocese francesa que suspendesse as ordenações sacerdotais e diaconais que ocorreriam em 29 de junho,e com as quais haveria quatro novos padres e seis diáconos.

O bispo de Fréjus-Toulon, dom Dominique Rey, anunciou em 2 de junho que a Santa Sé havia pedido a suspensão das ordenações diante das "perguntas de alguns dicastérios romanos sobre a reestruturação do seminário e a política de acolhimento de pessoas na diocese".

Segundo a publicação francesa La Vie, em 2021, foram ordenados na diocese de Frejus-Toulon dez sacerdotes e oito diáconos, enquanto em 2020 foram nove sacerdotes e seis diáconos, tornando esta Igreja particular uma das que mais vocações tem na França, um país europeu cada vez mais secularizado.

Entre os novos sacerdotes de 2020 estavam dois da Colômbia, um do Paraguai e um da Venezuela.

Segundo o jornal francês La Croix, em 2020 foram ordenados 126 padres em toda a França. Mais de 60% das dioceses do país não tiveram nenhuma ordenação.

A rede COPE disse em 2022 que “o sucesso de dom Rey se deve à sua política de acolher todos os que batem à sua porta, sejam candidatos franceses ou de outros países”.

Segundo a COPE, a "deriva tradicionalista" do Seminário La Castille, onde os alunos têm diferentes formas de viver a fé, bem como "a aceitação de candidatos problemáticos que foram rejeitados por outros bispos ou em suas comunidades de origem, pode estar na origem da intervenção vaticana” de 2022.

Traditionis custodes

Dom Rey é conhecido por seu apoio à missa tradicional em latim e usou o Missal Romano de 1962 para celebrar as ordenações. Em sua diocese estão a Fraternidade de São José Custodio, o Mosteiro de São Bento e o Instituto do Bom Pastor.

Os beneditinos, que celebram a missa tradicional em latim, ordenaram vários de seus membros fora da França com um bispo cuja identidade não foi revelada. Dom Rey não as celebrou por causa da investigação da Santa Sé em sua diocese.

Após a promulgação da Traditionis Custodes, o motu proprio de 2021 do papa Francisco que restringe a missa tradicional em latim ou missa tridentina, dom Rey falou das preocupações de vários padres e comunidades de sua diocese.

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