No encontro que o papa Francisco teve hoje (4) com religiosos do Sudão do Sul, um padre e uma freira compartilharam seu testemunho e contaram como a Igreja continua de pé apesar dos assassinatos e da escassez, fruto da guerra civil que assola o país.

A Igreja resiste

O primeiro a dar o seu testemunho ao papa Francisco e aos religiosos presentes na catedral de Santa Teresa, em Juba, foi o padre Luka Hassan Arnu. Ele contou que "apesar de viver com a guerra civil e todos os danos consequentes, a Igreja nunca deixou de desempenhar o seu papel sacerdotal, profético e pastoral!”.

Padre Arnu  afirmou que a Igreja, por meio da força do Espírito e do ministério dos bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, catequistas e fiéis leigos, "continua a anunciar o Evangelho de Jesus Cristo".

“Através de suas instituições pastorais, sanitárias e educativas, a Igreja coordena e oferece serviços ao próximo, apesar de seus recursos limitados”, disse.

Em seguida, dirigiu-se ao papa Francisco para falar sobre alguns desafios que a Igreja enfrenta no país, como o ateísmo sistêmico, os conflitos tribais, a fome ou a falta de trabalho.

Tudo isto, disse, deve-se à guerra civil “e à falta de vontade dos nossos dirigentes políticos de trabalhar juntos pela paz”.

Por fim, pediu que o Deus, “com esta visita histórica, toque os corações dos sudaneses e nos traga uma paz duradoura”.

Missionárias assassinadas

A irmã Regina Achan contou a história de duas freiras que foram mortas no país vítimas de uma emboscada em 16 de agosto de 2021: irmã Mary Daniel Abut e irmã Regina Roba Luate. Elas eram missionárias no Sudão do Sul que foram mortas quando voltavam das comemorações do centenário de Nossa Senhora da Assunção.

Ambas as freiras pertenciam à Congregação das Irmãs do Sagrado Coração, cuja Casa Mãe é a Missão Loa. Elas eram originárias do Sudão do Sul.

A irmã Mary Abut tinha sido eleita superiora geral duas vezes e, como educadora, tinha sido diretora da escola primária Usratuna, em Juba. Na época de sua morte, morava na comunidade de Kator.

“Na simplicidade da superiora geral, ela havia dedicado aqueles 12 anos a trabalhar como sacristã na igreja de São Miguel, lavando, varrendo e limpando a igreja”, contou a irmã Mary Daniel em seu testemunho.

Além disso, na congregação, dedicava-se à educação das meninas resgatadas que eram cuidadas em orfanatos. A missionária assassinada “queria construir uma biblioteca para os alunos da escola primária de Usratuna, em Juba. Esperamos que tudo isso se torne realidade em sua memória”.

A irmã Regina Roba se formou enfermeira na Escola de Enfermagem Nsambya, em Kampala, Uganda. Trabalhou como enfermeira e oficial de saúde em vários lugares do Sudão do Sul.

Na época de sua morte, ensinava e treinava enfermeiras no Instituto Católico de Formação Sanitária, em Wau.

“O sonho dela era construir uma maternidade em Juba. Esperamos, com a ajuda dos bons samaritanos, construir uma clínica obstétrica em sua memória”, disse a freira.

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