O papa Francisco disse a bispos, sacerdotes, seminaristas, consagrados e consagradas hoje (4) no Sudão do Sul o “que significa ser ministros de Deus numa história permeada pela guerra, o ódio, a violência e a pobreza".

“Faço votos, queridos irmãos e irmãs, de que sejais sempre generosos pastores e testemunhas, armados apenas de oração e caridade, que docilmente se deixam surpreender pela graça de Deus e se tornam instrumentos de salvação para os outros; profetas de proximidade que acompanham o povo, intercessores com os braços erguidos”, afirmou o papa na catedral de Santa Teresa, em Juba, no Sudão do Sul.

Em seu discurso, o papa Francisco recordou o retiro espiritual em 2019 em que os líderes políticos foram convidados ao Vaticano “para que, através da oração, cimentassem no coração a firme decisão de buscar a reconciliação e a fraternidade no país”.

Naquela ocasião, o papa se ajoelhou e beijou os pés de alguns deles para lhes pedir que trabalhassem pela paz.

Em seguida, o papa Francisco evocou a história da libertação e salvação de Moisés, para compartilhar alguns conselhos concretos para a atividade pastoral da Igreja.

Em primeiro lugar, Francisco destacou que “a nossa obra vem de Deus: Ele é o Senhor e nós somos chamados a ser instrumentos dóceis nas suas mãos". Também alertou para o perigo de pensar que "somos nós o centro, que podemos confiar-nos – se não na teoria, pelo menos na prática – quase exclusivamente à nossa perícia”.

O papa lamentou quando se pretende, “como Igreja, encontrar a resposta aos sofrimentos e necessidades do povo através de instrumentos humanos, como o dinheiro, a astúcia, o poder”.

O papa Francisco encorajou a “aproximar-se de Deus cheios de maravilha e humildade, deixar-se atrair e guiar por Ele; dar a primazia não a nós, mas a Deus, para nos confiarmos à sua Palavra em vez de nos servir das nossas palavras, para acolhermos docilmente a sua iniciativa em vez de apostar nos nossos projetos pessoais e eclesiais”.

“Na presença do Bom Pastor, compreendemos que não somos chefes de uma tribo, mas pastores compassivos e misericordiosos; não somos patrões do povo, mas servos que se inclinam a lavar os pés dos irmãos e irmãs; não somos uma organização mundana que administra bens terrenos, mas a comunidade dos filhos de Deus”, disse.

O papa afirmou que “nosso primeiro dever não é ser uma Igreja perfeitamente organizada, mas uma Igreja que, em nome de Cristo, permanece no meio da vida dolorosa do povo sem medo de sujar as mãos por amor”.

Francisco pediu para permanecer em comunhão, para cultivar “o respeito mútuo, a proximidade, a colaboração concreta”.

“Procuremos entre nós vencer a tentação do individualismo, dos interesses parciais. É muito triste quando os Pastores não são capazes de fazer comunhão: não conseguem colaborar, ou até se ignoram mutuamente", disse.

Além disso, o papa aconselhou a “erguer a voz contra a injustiça e a prevaricação, que esmagam as pessoas” com a violência, além de “encorajar, ajudar, acompanhar as pessoas” a seguir em frente, lembrando-lhes que “Deus é fiel às suas promessas”.

“Caríssimos amigos, estas mãos proféticas, estendidas e levantadas, custam fadiga. Ser profeta, acompanhador, intercessor, mostrar com a vida o mistério da proximidade de Deus ao seu Povo pode exigir a própria vida”, declarou.

O papa lamentou que muitos sacerdotes, religiosos e religiosas tenham sido "vítimas de violências e atentados em que perderam a vida". Disse que "ofereceram a sua existência pela causa do Evangelho, e a sua proximidade aos irmãos e irmãs é um maravilhoso testemunho que nos deixaram, convidando-nos a continuar o seu caminho”.

Nesse momento, Francisco pediu para recordar silenciosamente “os irmãos e irmãs que perderam a vida no ministério pastoral”.

O papa Francisco recordou o testemunho de são Daniel Comboni, “que realizou nesta terra, com os seus irmãos missionários, uma grande obra de evangelização: o missionário deve estar disposto a tudo por Cristo e pelo Evangelho, e há necessidade de almas ousadas e generosas que saibam sofrer e morrer pela África.”.

Por isso, o papa lhes agradeceu por tudo o que fazem “no meio de tantas provas e canseiras”.  “Em nome de toda a Igreja, obrigado pela vossa dedicação, a vossa coragem, os vossos sacrifícios, a vossa paciência”, disse.

Por fim, o papa Francisco deu a bênção em inglês. Ele cumprimentou cada um dos bispos e passou vários minutos conversando com eles.

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