“É necessário, pois, arrancar as plantas venenosas do ódio e do egoísmo, do rancor e da violência; demolir os altares consagrados aos ídolos do dinheiro e da corrupção”, disse o papa Francisco hoje (3) aos bispos no último discurso de sua viagem à República Democrática do Congo.

O papa visitou a sede da Conferência Episcopal Nacional do Congo (CENCO). Lá, agradeceu aos 57 bispos presentes pela “coragem com que anunciais a consolação do Senhor, caminhando no meio do povo, partilhando as suas canseiras e esperanças”.

“Sejamos pastores e servos do povo, não homens de negócios”, disse o papa.

Francisco também defendeu “uma convivência baseada na justiça, na verdade e na paz; e, finalmente, plantar sementes de renascimento, para que o Congo de amanhã seja verdadeiramente aquele que o Senhor sonha: uma terra abençoada e feliz, nunca mais violentada, oprimida nem ensanguentada”.

“Queridos amigos, não tenhais medo de ser profetas de esperança para o vosso povo, vozes unânimes da consolação do Senhor, testemunhas e arautos jubilosos do Evangelho, apóstolos de justiça, samaritanos de solidariedade: testemunhas de misericórdia e de reconciliação no meio de violências desencadeadas não só pela exploração dos recursos e dos conflitos étnicos e tribais, mas também e sobretudo pela força obscura do maligno, inimigo de Deus e do homem”, disse.

Para o papa, “como Igreja, temos necessidade de respirar o ar puro do Evangelho, expulsar o ar poluído da mundanidade, guardar o coração jovem da fé”.

Francisco deu o exemplo do profeta Jeremias, “um profeta chamado a viver a sua missão num momento dramático da história de Israel, por entre injustiças, abominações e sofrimentos”.

“Cultivemos a proximidade com o Senhor para ser suas testemunhas credíveis e porta-vozes do seu amor junto do povo, exortou Francisco.

“Oxalá não suceda imaginar-nos autossuficientes e, muito menos, ver no episcopado a possibilidade de escalar posições sociais e exercer o poder”, alertou.

O papa exortou “a fazer ouvir a vossa voz profética, para que as consciências se sintam interpeladas e possa cada qual tornar-se protagonista e responsável por um futuro diferente”.

“Mas atenção! Não se trata duma ação política”, alertou.

Segundo o papa, “os pastores devem ser os mais credíveis em tudo, em particular no cultivar a comunhão, na vida moral e na administração dos bens”.

“Amados irmãos bispos, partilhei convosco o que sentia no coração: cultivar a proximidade com o Senhor para ser sinais proféticos da sua compaixão pelo povo. Peço-vos para não transcurardes o diálogo com Deus e não deixardes que o fogo da profecia se apague por cálculos ou posições ambíguas com o poder, nem por uma vida cômoda e rotineira. À vista do povo que sofre e da injustiça, o Evangelho pede que levantemos a voz”, concluiu o papa.

Ao final do discurso, o papa Francisco rezou com os bispos um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e deu a bênção em francês.

Francisco cumprimentou cada um e tirou uma foto com o grupo.

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