O bispo-auxiliar de Lisboa dom Américo Aguiar diz que pode haver um encontro do papa Francisco com vítimas de abuso sexual por membros da Igreja em Portugal. O encontro poderia ser uma atividade paralela às celebrações da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que acontecerá na capital portuguesa de 1º a 6 de agosto de 2023.

“Acredito que sim, tem repetido isso nas últimas jornadas e acredito que sim”, disse à RTP3 dom Aguiar, que é presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023.

Dom Aguiar contou que teve uma “oportunidade de conversar sobre essa possibilidade” na última vez que esteve com o coordenador da Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais na Igreja Católica Portuguesa, o psiquiatria da infância e adolescência Pedro Strecht.

A Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais na Igreja Católica Portuguesa iniciou seus trabalhos em janeiro de 2022. O objetivo é recolher denúncias e testemunhas de vítimas de abusos desde 1950. Também estão sendo analisados arquivos da Igreja, além da imprensa e de outras bases de dados, como de órgãos da justiça e de entidades de apoio às vítimas.

Em outubro último, a comissão informou que já tinha recebido 424 testemunhos, sendo que a maior parte dos crimes reportados já prescreveu. Desse total, 17 casos foram enviados para o Ministério Público.

O relatório final da comissão independente será apresentado no próximo dia 13 de fevereiro.

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) afirmou que, ao final do retiro do episcopado, em 3 de março, fará uma assembleia extraordinária para analisar o relatório.

Em entrevista à agência Lusa, o diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ) de Portugal, padre Filipe Diniz, disse acreditar que a JMJ “não será” afetada pelas conclusões do relatório da comissão independente sobre os abusos cometidos por membros da Igreja.

Para o padre Diniz, “se houver verdade, transparência, estamos a ser Igreja”. O sacerdote reconheceu que esses casos podem “abanar a estrutura”, bem como “as próprias pessoas, a credibilidade”. Entretanto, disse, “estamos a ser verdadeiros e é a verdade que mostra tudo isso, mostra estas situações, penso que nesse sentido é bom”.

O responsável pela Pastoral Juvenil destacou que “o papa Francisco tem sublinhado várias vezes a tolerância zero” em relação aos abusos cometidos por membros da Igreja.

Segundo ele, embora seja “um tema muito sensível”, a “transparência e a verdade” dão “força e motivação” à Igreja.

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