O arcebispo Georg Gänswein, que foi secretário pessoal de Bento XVI por anos, conta em suas memórias como foram os dias após a renúncia de Bento XVI.

No livro Nient'altro che la verità. La mia vita al fanco di Benedetto XVI (Nada mais do que a verdade. Minha vida com Bento XVI), publicado em italiano hoje (12), dom Gänswein conta que "Bento estava intimamente convencido de que sua existência não duraria muito."

Depois de se mudar para Castel Gandolfo em 28 de fevereiro de 2013, tanto dom Gänswein quanto o médico do papa perceberam "sua deterioração progressiva".

“Nas primeiras semanas após sua renúncia, o papa emérito estava totalmente exausto, caminhava encurvado e falava muito pouco”, escreve o arcebispo.

O médico “não diagnosticou problemas de depressão psicológica, mas sim um excesso de trabalho físico e mental que tinha que ir eliminando aos poucos”.

“A tranquilidade daquele ambiente o ajudou muito, permitiu que ele lesse sem restrições de tempo (Gregório Magno, Agostinho, mas também autores mais recentes, como Romano Guardini e Eric Peterson)”, conta Gänswein em suas memórias.

Bento XVI escutava música sacra e sinfônica "com um CD player que tinha no quarto", e também voltou a tocar piano. "A maior dificuldade nas fases finais da vida era em relação à capacidade de falar, devido à fadiga pulmonar".

O arcebispo diz que Bento XVI reagiu com “seu humor habitual”, dizendo em várias ocasiões: “Deus me tirou a fala para me fazer apreciar cada vez mais o silêncio”.

A vida no mosteiro

Segundo o secretário de Bento XVI, a vida no mosteiro Mater Ecclesiae "estava marcada pela oração, como havia estabelecido uma frase que expressava seu programa geral: 'Todos os dias começo com o Senhor e termino com o Senhor, e veremos quanto dura'".

Ele também conta que, algumas vezes, como cardeal e também durante seu pontificado, Bento XVI “tinha ido à capela do mosteiro para celebrar a missa”.

“No momento de reflexão sobre sua renúncia, ele percebeu que este lugar corresponderia perfeitamente à sua natureza e ao desejo de uma vida sóbria que ele repetidamente prenunciava”, conta.

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