No Paquistão, o aumento constante dos sequestros de menores, que depois são obrigadas a se converter ao Islã e se casar com muçulmanos, causa indignação e cada vez mais organizações internacionais denunciam esse drama.

A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) informou esta semana que a Conferência Episcopal do Paquistão e mais de 30 organizações de direitos humanos solicitaram atenção ao governo para avaliar os dados sobre os incidentes de conversão forçada e apresentá-los ao Parlamento.

Em um relatório enviado em julho ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, o Centro de Justiça Social (CJS) de Lahore, observatório dirigido pelo ativista católico Peter Jacob, apresentou 78 casos de conversão forçada apenas em 2021, um aumento de casos de 80%. em relação ao ano de 2020.

A ACN diz que um número substancialmente maior de casos nunca é tornado público e, portanto, não é relatado.

Asif Aqeel, vice-presidente do Centro de Direito e Justiça, disse à ACN que está convencido de que esses esforços não levarão a lugar nenhum, a menos que o foco seja colocado na questão do sequestro de menores de idade e casamento forçado.

Aqeel diz que o uso de termos como “sequestro de menores” e “casamento forçado” em vez de conversão forçada permitirá que a justiça seja feita.

Um caso recente de sequestro e conversão forçada envolve a menina cristã Mehwish Bibi. Ela foi sequestrada por um vizinho muçulmano que a forçou a se converter ao Islã e se casou à força com ela.

Em 2021, um tribunal decidiu a favor da menor e permitiu que ela se divorciasse do homem de 40 anos, com base em seu "comportamento severo e cruel".

O sujeito a sequestrou em agosto do ano passado, levou-a a cerca de 137 quilômetros de sua cidade natal, Lahore, e apresentou documentos de conversão e casamento a um tribunal local.

“Resisti o tempo todo, mas ele colocava alguma coisa na comida. Ele também me batia", diz Mehwish Bibi à ACN.

Os pais dela pediram ajuda Christian’s True Spirit (CTS), uma organização com sede em Lahore, que entrou com um pedido de dissolução do casamento de Bibi no tribunal de família.

Atualmente, Bibi mora em um centro de acolhimento do CTS, local que abriga outras oito mulheres entre 13 e 60 anos vítimas de sequestro.

A psicóloga do CTS, Aghania Rafaqat, disse que todos os seus pacientes no centro reagem de maneira diferente ao tratamento.

“Afinal alguns ficam agressivos e têm ataques de choro frequentes. Eles experimentam uma profunda tristeza e estão muito ansiosos com o futuro. Os pesadelos geralmente levam a fobias", contou.

A psicóloga disse que vítimas como Bibi nunca conseguem se recuperar totalmente porque eventos trágicos ocorridos em uma idade tão jovem tornam-se parte da memória permanente.

“Eles não conseguem esquecer os traumas. Como psicóloga, só posso ajudá-los a aceitar a situação e seguir em frente na vida", acrescentou.

A estratégia de Rafaqat inclui vários testes psicológicos, mas também uma dimensão espiritual. "Segurar a mão deles e orar com eles também ajuda", disse.

Katherine Sapna, católica e diretora do CTS, disse que as mulheres resgatadas não voltam imediatamente para morar com seus pais, porque continuam recebendo ameaças de sequestradores mesmo depois que um tribunal decidiu a seu favor.

O abrigo é uma alternativa bem-vinda e oferece formação profissional em alfaiataria e culinária, tendo iniciado recentemente um curso de esteticista.

O CTS também acolhe 15 alunas da St. Joseph’s Girls High School em Lahore, dirigida pelas Irmãs da Caridade de Jesus e Maria. Há cinco meninas cristãs lá, filhas de mulheres convertidas à força ao Islã, e 10 meninas que trabalhavam em olarias.

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