O bispo da Guarda, Portugal, dom Manuel Felício, afirmou que a aprovação da lei que regula a eutanásia no país “é um dos sintomas da falência do sistema, porque oferecer a morte nunca pode ser solução para qualquer problema humano”. A lei foi aprovada pela Assembleia da república na sexta-feira, (9) e segue para apreciação do presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que pode promulgar, vetar ou pedir a fiscalização preventiva do texto ao Tribunal Constitucional.

Dom Felício abordou o tema em sua mensagem de Natal, intitulada “Natal: a beleza da vida no rosto de uma criança”. Ele iniciou o texto com um convite a preparar bem o Natal, contemplando o “Menino deitado no Presépio de Belém, sob o olhar atento de Sua Mãe e de S. José, grande sinal da beleza e encanto de toda a vida humana”.

Segundo o bispo, no Menino Jesus “vemos a fragilidade e a dependência de qualquer vida quando começa”. Mas, disse, toda vida, “à medida que cresce e se desenvolve, vai mostrando e aplicando as suas potencialidades” até a “maturidade adulta”. Depois, “vem a diminuição das energias, com perda de capacidades, até que atinge o fim natural”.

“Ora, na parte final da vida, à medida que as forças diminuem e as fragilidades aumentam, até chegar, muitas vezes, a uma dependência quase total, cada pessoa, para continuar com o gosto de viver, precisa de cuidados redobrados, que devem ser prestados pelas famílias, é certo, mas também com ajudas que a sociedade como tal tem obrigação de garantir, a começar pelos serviços de saúde e de acompanhamento especializado, sobretudo dos mais débeis”, disse.

Dom Manuel Felício afirmou que, quando a pessoa não recebe esses cuidados, “a sociedade falha”.

“E igualmente falha, sempre que cai na tentação de oferecer a morte como solução para as dores e outras dificuldades das pessoas”.

Com a aprovação da eutanásia em Portugal, o bispo da Guarda disse que “é legítimo o empenho de todas as pessoas de boa vontade, a começar pelos profissionais de saúde, para rejeitar as possibilidades abertas” por esta lei.

Para dom Felício, com “as carências” do sistema de saúde, que “são muitas e estão longe de se encontrar superadas”, “o risco passa a ser o recurso à eutanásia como a solução mais rápida e menos onerosa”.

O bispo destacou que “a vida humana é sempre um dom precioso, em todas as suas fases, desde a concepção até à morte natural e, por isso, nunca deve ser intencionalmente provocada”.

Por fim, desejou que este Natal “nos ajude a contemplar, partindo do Menino de Belém, a beleza e o encanto da vida, mesmo sabendo das suas muitas limitações”.

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