O processo de beatificação de padre Cícero Romão Batista será aberto no dia 30 de novembro. A informação foi confirmada pela basílica de Nossa Senhora das Dores, de Juazeiro do Norte (CE). Será celebrada missa às 18h e, em seguida, haverá a sessão de abertura do processo.

Em 20 de agosto, o bispo de Crato (CE), dom Magnus Henrique Lopes, anunciou que a Santa Sé tinha autorizado a abertura do processo de beatificação de padre Cícero, ou “Padim Ciço”, como é conhecido e chamado por seus admiradores. Com isso, o sacerdote recebeu o título de servo de Deus.

Com a abertura do processo de beatificação, será montada uma comissão para analisar documentos, juntar provas e analisar possíveis milagres atribuídos à intercessão de padre Cícero.

Nascido em 1844, em Crato, Cícero Romão foi ordenado padre em 1870 na capital cearense. Dois anos depois foi para a região de Juazeiro do Norte.

Um possível milagre ocorrido em 1889 transformou a vida do religioso e da cidade. Na capela de Nossa Senhora das Dores, a hóstia sangrou na boca de uma fiel. Logo a notícia se espalhou e o fato teria se repetido em público várias vezes. Juazeiro passou a receber peregrinos de vários lugares desde então.

Em 1894 padre Cícero foi punido com a suspensão da ordem. Dois médicos foram chamados para testemunhar o acontecimento e confirmaram o fato, o que fortaleceu a crença do povo.

Padre Cícero foi chamado ao Palácio Episcopal e após investigação a igreja não aceitou o milagre, decidindo puni-lo. Em 1894, foi suspenso da ordem, acusado de manipulação da crença popular pela Santa Sé.

Proibido de celebrar missa e inconformado com a situação, padre Cícero foi ao Vaticano, em 1898, pedir revogação da pena ao papa Leão XIII. Saiu de lá com a vitória, mas o bispo não aceitou e pediu revisão do resultado.

Em 1911, o distrito de Juazeiro foi elevado a município e o padre Cícero foi nomeado prefeito, realizando diversas benfeitorias. Levou para a cidade a Ordem dos Salesianos, , abriu várias escolas, entre elas a Escola Normal Rural, construiu várias capelas, estimulou a agricultura e ajudou a população pobre, nos períodos de secas na região.

Padre Cícero morreu no dia 20 de julho de 1934, em Juazeiro do Norte, local que até hoje celebra seus feitos e obras.

Em 2001, a diocese o Crato constituiu uma comissão a fim de preparar uma revisão histórica sobre a causa de padre Cícero. Após cinco anos de trabalho, em 30 de maio de 2006, uma petição foi entregue à Congregação para a Doutrina da Fé com a assinatura de 254 bispos brasileiros pedindo um gesto concreto de reconhecimento das ações pastorais e apostólicas de padre Cícero no desenvolvimento da região. Em 2014, a Secretaria de Estado da Santa Sé enviou à diocese de Crato uma carta de reconciliação de padre Cícero com a Igreja católica.

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