O padre mexicano Mario Arroyo, doutor em filosofia pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz de Roma, explicou o que há de errado em recorrer à fertilização in vitro, também conhecida como fertilização assistida, e por que não "ajuda" casais que realmente querem ter filhos e não podem.

Em um vídeo publicado em 2019 no seu canal de Youtube Teologia para Millenials, o sacerdote disse que “a pessoa deve ser considerada como um valor intangível, um valor que não posso subordinar a outro tipo de interesses".

"Ninguém tem o direito de ter filhos, os filhos são um dom de Deus", disse. Por isso, "não devo ver a vida como posso ver um carro, uma geladeira, uma casa, algo a que tenho direito".

O padre, professor da Universidade Panamericana na Cidade do México, lamentou que ocorreram casos "de pessoas que processaram a empresa que fez o trabalho porque o produto chegou 'com defeito'”, como se fosse "um computador ou um carro".

O padre lamentou esta realidade na qual os pais tratam o novo ser como um produto e não o querem mais, como por exemplo quando o resultado da fecundação in vitro é um bebê com síndrome de Down, uma das causas de aborto mais comum no mundo.

“Mais grave é se tiver que recorrer às barrigas de aluguel, porque estou prejudicando o direito da criança de ter uma identidade clara. Pode ser que uma mãe seja a que gesta, outra a que doa o óvulo e outra a que manda fazer. A criança pode ter três mães”, disse.

"Isso claramente prejudica o direito a ter origem e tira proveito da miséria na qual algumas mulheres se encontram para funcionarem como barrigas de aluguel”, criticou.

Padre Arroyo também disse que, “para escolher o embrião que será implantado, o médico escolhe aquele que vê com mais possibilidades, é uma escolha técnica entre vários. Qualquer um poderia ter sido o escolhido e o médico com alguns critérios objetivos diz: você sim, e os outros devem ir ao congelador”.

"E esses seres humanos fecundados que estão no refrigerador estarão lá até morrerem", lamentou e disse que "acabam jogando no lixo quando perdem sua utilidade".

Esses casos, disse, evidenciam as "dificuldades técnicas inerentes que prejudicam a dignidade da pessoa" na fertilização in vitro.

Padre Arroyo criticou que, nesses casos, deixa-se de lado a “ideia de que a vida humana é um dom que temos que agradecer a Deus”. Segundo ele, se Deus não deu filhos a alguém, “entendo que é uma situação muito difícil, mas sempre se pode recorrer à adoção, e assim dar um lar a uma criança que não pôde tê-lo”.

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