A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) pretende fazer um pedido formal de perdão às vítimas de abusos sexuais por parte de membros da Igreja. “Quando eu peço perdão, estou a dizer que estou traçando limites à compreensão e à aceitação de comportamentos destes, que são inaceitáveis”, disse o presidente da CEP e bispo de Leiria-Fátima, dom José Ornelas.

O assunto foi abordado durante a 204ª Assembleia Plenária da CEP, que aconteceu de 7 a 10 de novembro, em Fátima. Em coletiva de imprensa ontem (10), dom Ornelas disse que a conferência aguarda a divulgação do relatório da comissão independente que investiga os casos de abusos na Igreja em Portugal. Mas, segundo ele, "uma das sugestões que nós entendemos e partilhamos completamente" é o pedido de perdão. “Um pedido solene, mas marcante, de perdão”, afirmou.

Em comunicado divulgado ao final da assembleia, a CEP afirmou que a Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica em Portugal (CI) esteve na assembleia, junto com o Grupo de Investigação Histórica, para falar sobre o processo de estudo. O relatório final da Comissão será divulgado em 31 de janeiro de 2023. O documento vai ser entregue à Conferência e ao Ministério Público.

“Ao mesmo tempo que agradece o dedicado e competente trabalho da CI, a Assembleia reafirma a profunda gratidão e o pedido de perdão às vítimas que, na dureza da sua dor, têm dado o seu testemunho ou depoimento, e manifesta o propósito de garantir a tolerância zero quanto aos abusos sexuais de menores e pessoas vulneráveis na Igreja, grave realidade que contradiz a sua identidade a missão”, diz o comunicado.

Para a Conferência, este tem sido “um tempo penoso para todos”, mas também “tem sido um tempo de purificação, na busca da justiça e da verdade, identificando situações dolorosas sem generalizar indevidamente nem acusar indiscriminadamente”.

Durante a coletiva, dom Ornelas lamentou as “generalizações” feitas em relação aos casos de abusos na Igreja. “Não há uma razão plausível para dizer coisas como que a Igreja é lugar favorito para pedófilos”, afirmou.

Em seu comunicado, a CEP destacou que “os casos de abusos detectados são claramente lamentáveis e objeto de grande preocupação, justificando os esforços em curso para erradicá-los da vida da Igreja, mas tal não invalida o precioso serviço que os sacerdotes, consagrados e leigos prestam à vida da Igreja e da sociedade, em Portugal e em todo o mundo, que merecem toda a nossa gratidão e apoio”.

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