"Somos chamados a lembrar, com a sabedoria dos anciãos e dos antigos, que Deus e o próximo vêm antes de tudo", disse o papa Francisco hoje (4) na tarde de seu segundo dia no Bahrein no encontro com os membros do Conselho Muçulmano de Anciãos.

Em seu discurso na mesquita do Sakhir Royal Palace, que fez depois de uma reunião privada com o grão-imã de Al-Ajar, Ahmed El-Tayeb, o papa Francisco falou do papel dos membros do Conselho como promotores da "reconciliação para evitar divisões e conflitos nas comunidades muçulmanas”.

Ele também disse que os presentes “veem no extremismo um perigo que corrói a verdadeira religião” e estão comprometidos “a dissipar interpretações errôneas que distorcem, instrumentalizam e danificam um credo religioso através da violência”.

“Deus é a fonte da paz. Que Ele nos conceda ser, em todos os lugares, canais de sua paz”, disse o papa Francisco. "Diante de vocês, gostaria de reiterar que o Deus da paz nunca conduz à guerra, nunca incita ao ódio, nunca apoia a violência".

“Nós, que cremos n’Ele, somos chamados a promover a paz através de instrumentos de paz, como o encontro, pacientes negociações e o diálogo, que é o oxigênio da convivência comum”.

Cultura de paz baseada na justiça

Para o papa, a cultura da paz deve basear-se na justiça e disse que "este é o caminho, aliás o único caminho, já que a paz é obra da justiça".

“A paz não pode ser apenas proclamada, deve ser enraizada. E isto é possível removendo as desigualdades e as discriminações, que geram instabilidade e hostilidade”, disse o papa.

“Creio que precisamos cada vez mais de nos encontrar, conhecer e estimar, superando os preconceitos e as incompreensões da história em nome d’Aquele que é Fonte de Paz”.

Francisco convidou os presentes a "tomar conta de todos aqueles que o plano divino colocou ao nosso lado neste mundo".

“São tarefas que cabem a nós. Diante de uma humanidade cada vez mais ferida e dilacerada que, sob a veste da globalização, respira com dificuldade e medo, os grandes credos devem ser o coração que une os membros do corpo, a alma que dá esperança e vida às aspirações mais elevadas”, disse o papa Francisco.

O mal vem do afastamento de Deus

Para o papa, o mal no mundo vem "do afastamento de Deus e do próximo".

“Temos, portanto, uma tarefa única e imprescindível: a de ajudar a reencontrar estas fontes de vida esquecidas, de levar novamente a humanidade a beber nesta antiga sabedoria, de aproximar os fiéis à adoração do Deus do céu e aos homens para os quais Ele fez a terra, acrescentou ele.

Para isso, o papa Francisco propôs duas coisas: oração e fraternidade. “Estas são as nossas armas, humildes e eficazes. Não devemos deixar-nos tentar por outros instrumentos, por atalhos indignos do Altíssimo, cujo nome de Paz é insultado por aqueles que creem nas razões da força, alimentam a violência, a guerra e o mercado das armas”.

“Perante estes trágicos cenários, enquanto o mundo segue as quimeras da força, do poder e do dinheiro, somos chamados a lembrar, com a sabedoria dos anciãos e dos antigos, que Deus e o próximo vêm antes de tudo, que só a transcendência e a fraternidade nos salvam”, disse.

Francisco disse que “cabe a nós testemunhar, mais com os fatos, do que com as palavras, que acreditamos nisto. Temos uma grande responsabilidade diante de Deus e dos homens”.

“Seremos abençoados pelo Altíssimo e pelas criaturas mais pequeninas e frágeis que são as preferidas d’Ele: os pobres, as crianças e os jovens, que, depois de tantas noites tenebrosas, aguardam o surgir de uma alvorada de luz e de paz”, concluiu.

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