O arcebispo de Bolonha, cardeal Matteo Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana, celebrou vésperas na sexta-feira (28) da peregrinação anual de adeptos da liturgia anterior à reforma do Concílio Vaticano II, a Roma.

A peregrinação tem o mesmo nome da carta apostólica Summorum pontificum do papa Bento XVI publicada em 2007, que reconheceu o direito de todos os padres celebrarem a missa de acordo como o Missal Romano de 1962. Summorum pontificum foi revogada no ano passado pelo motu proprio Traditionis custodes, com o qual o papa Francisco restringiu drasticamente o uso da liturgia antiga.

A peregrinação Summorum Pontificum, que traz a Roma milhares de peregrinos que preferem a missa tradicional, está em seu décimo-primeiro ano.

Precede, portanto, as restrições decretadas pelo papa Francisco. Segundo Zuppi, não existem “sinais” especiais a serem interpretados por sua presença.

Zuppi disse que recebeu um convite para participar antes de se tornar presidente da CEI, “não pensando que houvesse nada de errado.”

De qualquer forma, a participação de Zuppi tem impacto.

Ao longo dos anos, a peregrinação teve vários cardeais e arcebispos celebrando.

O cardeal Antonio Cañizares Llovera celebrou com os peregrinos em 2012 na basílica de São Pedro quando era prefeito da Congregação para o Culto Divino.

Mesmo assim, Cañizares, que deixou o posto de arcebispo de Valência, Espanha, em outubro, foi um dos bispos que aplicaram o motu proprio Traditionis custodes à risca, proibindo a celebração da missa tradicional em sua arquidiocese.

Zuppi adotou uma solução pragmática em Bolonha. Em um decreto, Zuppi observou que uma comunidade tradicional já tinha sido iniciada em Bolonha imediatamente após a Summorum pontificum e que essa celebração já correspondia às exigências da Traditiones custodes. Então o cardeal decidiu manter tudo como estava.

Zuppi, enfatizou que “a tradição litúrgica tem dado uma marca inconfundível à nossa Igreja local. É um jardim a ser cultivado com renovado amor e paixão sem nos resignar ao cansaço e à preguiça, que, mesmo quando eles não degeneram em abusos, acabam enfraquecendo a força formidável da liturgia da qual a Igreja nasce e sempre é construída.”

Zuppi aceitou vários convites para celebrar a missa tradicional.

Recentemente, o cardeal visitou o Instituto Cristo Rei e Sumo Sacerdote (ICRSS) em Gricigliano, próximo a Florença.

O ICRSS celebra a missa tradicional e Zuppi teria ficado impressionado com os muitos seminaristas.

Pastor experiente e bispo muito respeitado, Zuppi não é considerado um “tradicionalista” ou “conservador” e é conhecido por seu apoio ativo à Comunidade de Sant’Egidio, organização de leigos especialmente próxima do papa Francisco.

Sua habilidade para agir como um construtor de pontes é também notável em um colégio de cardeais fragmentado.

O papa Francisco indicou Zuppi como membro do Dicastério para as Igrejas Orientais. Ele também é membro do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.

O fato tangível é que Zuppi não quer ser divisivo. Ao contrário, ele está construindo pontes, que ainda podem vir a ter um papel essencial numa Igreja manchada por tensões e divisões.

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