O cardeal Gerhard Müller, prefeito emérito do Dicastério para a Doutrina da Fé, está convencido de que os bispos "materialistas" do sínodo alemão não poderão impor suas teses: "No final, retornam, regressam, porque são covardes".

Em entrevista ao portal Religión en Liberdad, o cardeal Müller acrescentou que esses bispos são "covardes perante a opinião pública e também covardes perante o papa", e que se sente "muito decepcionado" com a atitude deles.

Segundo o cardeal, as propostas do sínodo alemão “são falsas” e “absolutamente contrárias à fé católica”.

O cardeal Müller destacou que "não se pode introduzir ideologias materialistas, comunistas, socialistas, pós-humanistas na Igreja Católica", e que na Igreja "temos uma imagem positiva do homem, não como esses materialistas que dizem que o homem é apenas uma questão que se pode modelar como se quer”.

Lamentou ainda que alguns bispos tenham unido o caminho sinodal com o Comitê Central dos Católicos, que "antes tinha grande importância na defesa da Igreja Católica contra o protestantismo". No entanto, disse, agora são eles que introduzem na Igreja "falsas ideologias que são contra a doutrina católica cristã".

O cardeal Müller calcula que dois em cada três bispos alemães são "também vítimas dessas ideologias" e afirma que "ele tem medo da imprensa, da opinião pública, dos políticos, porque essas ideologias agora dominam na Alemanha".

Para o cardeal, “é tarefa do papa e da Igreja Romana resistir e chamá-los de volta à obediência da fé cristã”.

O cardeal Müller está na Espanha para participar de um encontro organizado pelo Instituto de Humanidades Ángel Herrera da Universidade CEU San Pablo, a alemã Fundatio Christiana Virtus e a Associação de Teologia Eclesiástica para celebrar os 95 anos de Bento XVI.

O que é o Caminho Sinodal Alemão?

Em dezembro de 2019, teve início um processo de consultas liderado por bispos e leigos da Igreja Católica na Alemanha, conhecido como caminho sinodal alemão.

Aborda questões como o exercício do “poder”, a moral sexual, o sacerdócio e o papel da mulher na Igreja, o que tem causado polêmica dentro e fora da Igreja.

O Caminho Sinodal Alemão subscreveu posições contrárias ao magistério da Igreja.

Foram apoiados documentos que exigem o acesso das mulheres ao sacramento da ordem sacerdotal, a bênção de uniões do mesmo sexo e que sejam modificados alguns ensinamentos do magistério sobre atos homossexuais, a ponto de alguns temerem que ocorra um cisma.

Em julho, a Santa Sé emitiu uma declaração alertando que o chamado Caminho Sinodal Alemão poderia representar “uma ameaça à unidade da Igreja”.

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