A série Vatican Girl: The Disappearance of Emanuela Orlandi (A garota desaparecida do Vaticano), que estreou na Netflix em outubro, sugere que “alguém próximo ao papa” pode estar envolvido no possível assassinato de uma adolescente desaparecida.

A série documentária de quatro episódios é sobre o desaparecimento da filha de 15 anos de um funcionário do Vaticano. O caso nunca foi resolvido. A produção apresenta várias teorias por trás do desaparecimento da menor, cujos restos mortais nunca foram encontrados.

Emanuela Orlandi era filha de Ercole Orlandi, enviado da Prefeitura da Casa Pontifícia e cidadão do Estado da Cidade do Vaticano. O desaparecimento da menina em 22 de junho de 1983, depois de ir a uma aula de música em Roma, ganhou as manchetes e tem sido objeto de especulação há anos.

Depois de várias investigações infrutíferas, o caso foi encerrado em 2016.

Em 2019, membros da família receberam um aviso de que os restos mortais da menor poderiam estar em um cemitério do Vaticano. A pedido da família, o Vaticano abriu dois túmulos que se acredita conterem os restos mortais da princesa Sofia de Hohenlohe-Waldenburg-Bartenstein e da duquesa Charlotte Frederica de Mecklemburgo-Schwerin.

Os túmulos foram encontrados vazios, mas dois ossários com ossos e fragmentos de ossos foram encontrados mais tarde nas proximidades. Uma investigação científica revelou que os restos dentro dos túmulos eram velhos demais para serem os restos mortais de Orlandi, segundo declarações do Vaticano na época.

A Sala de Imprensa da Santa Sé declarou encerrada a investigação em abril de 2020.

Segundo Barbie Latza Nadeau, que fez uma resenha sobre a série para The Daily Beast, a produção apresenta várias teorias da conspiração para explicar o desaparecimento de Orlandi. Nadeau então derruba as teorias. A série guarda para o episódio final a teoria de que o Vaticano esteve envolvido de alguma forma.

“Ao desvendar as conspirações que não funcionam, [o escritor/diretor Mark] Lewis consegue contar várias histórias complicadas que giram em torno de sexo, mentiras e homens de Deus na Terra para construir um caso de que quem sequestrou a adolescente fez isso para chantagear o Vaticano”, escreve Nadeau.

A teoria é baseada em uma entrevista com uma amiga de infância de Emanuela Orlandi.

Na entrevista, em que o rosto da pessoa de meia-idade é mantido oculto, ela conta que antes de Orlandi desaparecer confidenciou a ela que foi abusada sexualmente por "alguém próximo ao papa".

A amiga diz que nunca havia contado essa informação a ninguém antes porque temia as consequências.

Em entrevista à revista Variety, Mark Lewis, roteirista e diretor da série, disse que as teorias da conspiração envolvendo o crime organizado e a geopolítica em torno do caso o levaram a fazer uma série sobre o assunto.

“É uma história que Dan Brown poderia ter escrito. Começa com uma pequena história local de uma garota que desaparece em uma tarde quente de verão no centro de Roma em 1983, e então a história se transforma em uma que envolve a KGB e a política da Guerra Fria."

“Descobrimos facções trabalhando dentro do Vaticano para impulsionar políticas particulares e restaurar o catolicismo no Bloco Oriental. Depois, há a máfia e o submundo romano da história. Então, instintivamente, parecia um thriller político, e isso realmente me atraiu", disse Lewis.

Na entrevista, Lewis deixa claro que não pretende ter resolvido o mistério do desaparecimento de Orlandi.

“A maneira como vejo é que temos uma mesa e, ao longo dos anos, colocamos grandes peças de um quebra-cabeça nessa mesa. Lenta, mas seguramente, esse quebra-cabeça está sendo completado. Mas ainda faltam algumas peças-chave do quebra-cabeça. Espero que, pelo bem da família, essas últimas peças sejam encontradas", disse Lewis.

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