O papa Francisco recebeu em audiência hoje (24) no Palácio Apostólico a Comunidade Acadêmica do Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família.

Ao iniciar seu discurso, o papa Francisco recordou que já se passaram cinco anos desde que, com o Motu proprio Summa familiae cura, quis “investir” neste legado deixado por são João Paulo II, que fundou o Instituto em 1981.

“Eu pretendia dar-lhe um novo vigor e desenvolvimento mais amplo, a fim de responder aos desafios enfrentados no início do terceiro milênio”, afirmou o papa.

Disse ainda que "esse desenvolvimento desejado, garantido pela qualidade acadêmica nas disciplinas teológicas e nas ciências humanas e sociais, é particularmente importante, pois integra as competências necessárias para discernir os valores relacionais próprios da constelação familiar".

"A própria teologia, para estar no auge dessa expansão, é chamada a elaborar uma visão cristã de genitor, filial e fraterna, e não apenas do vínculo conjugal".

Para o papa Francisco, “a cultura da fé é chamada a medir-se com as transformações que marcam a atual consciência das relações entre homem e mulher, entre amor e geração, entre família e comunidade”.

“É um compromisso que, dia a dia, enche de conteúdo o título de 'pontifício' atribuído ao Instituto, para ser entendido seu pleno significado: servir à Igreja na esteira do ministério de Pedro é o dom que recebe e, ao mesmo tempo, transmite”, acrescentou.

Francisco defendeu que “seria, portanto, um grave erro ler sua renovada conexão com o magistério vivo em termos de oposição à missão recebida com sua instituição original”.

“A missão da Igreja hoje exige urgentemente a integração da teologia do vínculo conjugal com uma teologia mais concreta da condição familiar”, disse.

“As turbulências sem precedentes, que neste tempo colocaram todos os laços familiares à prova, exigem um discernimento atencioso para compreender os sinais da sabedoria e misericórdia de Deus. Não somos profetas de desgraça, mas de esperança", continuou.

Papa Francisco disse que “ao considerar os motivos de crise, nunca perderemos de vista os sinais consoladores, às vezes comoventes, da capacidade que os laços familiares continuam mostrando: em favor da comunidade de fé, da sociedade civil e da convivência humana”.

Para o papa, “a família permanece uma ‘gramática antropológica’ insubstituível dos afetos humanos fundamentais” e advertiu que quando esta gramática é negligenciada ou interrompida, “toda a ordem das relações humanas e sociais sofre suas feridas”.

 “A qualidade do matrimônio e da família determina a qualidade do amor da pessoa individual e os vínculos da própria comunidade humana”, assegurou o papa.

Francisco disse que "é responsabilidade do Estado e da Igreja escutar as famílias, em vista de uma proximidade afetuosa, solidária e eficaz: que as sustente no trabalho que já fazem por todos, incentivando sua vocação para um mundo mais humano, ou seja, um mundo mais solidário e fraterno”.

“Não devemos esperar que a família seja perfeita, para cuidar de sua vocação e incentivar sua missão. O matrimônio e a família serão sempre imperfeitos e incompletos até que estejamos no céu", disse.

“Nesta sociedade cheia de rachaduras, muito depende da alegria redescoberta da aventura familiar inspirada por Deus”, disse o papa Francisco.

“Que o Senhor acompanhe a paixão de sua fé e o rigor de sua inteligência, na formidável tarefa de sustentar, cuidar, alegrar – sim, inclusive alegrar – esta bênção que é a família”, concluiu papa.

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