“A oração e o conhecimento de nós mesmos permitem-nos crescer na liberdade! São elementos básicos da existência cristã, elementos preciosos para encontrar o próprio lugar na vida”, disse o papa Francisco na Audiência Geral de hoje (5) continuando sobre a sua série de catequeses sobre o discernimento.

Diante dos fiéis presentes na praça de São Pedro, no Vaticano, o papa Francisco disse que "o bom discernimento exige também o conhecimento de si".

"Na base de dúvidas espirituais e crises vocacionais encontra-se não raro um diálogo insuficiente entre a vida religiosa e a nossa dimensão humana, cognitiva e afetiva” disse o papa. “O esquecimento da presença de Deus na nossa vida anda de mãos dadas com a ignorância sobre nós mesmos – ignorar Deus e ignorar-nos – ignorância sobre as caraterísticas da nossa personalidade e sobre os nossos desejos mais profundos”.

“Conhecer-se a si próprio não é difícil, mas é cansativo: exige um paciente trabalho de escavação interior. Requer a capacidade de parar, de ‘desativar o piloto automático’, de tomar consciência da nossa maneira de agir, dos sentimentos que nos habitam, dos pensamentos recorrentes que nos condicionam, e muitas vezes sem que saibamos", disse o papa.

Este processo “exige também que se distinga entre as emoções e as faculdades espirituais. ‘Sinto’ não é a mesma coisa que ‘estou convencido’; ‘apetece-me’ não é a mesma coisa que ‘desejo’".

"Assim chegamos a reconhecer que a visão que temos de nós próprios e da realidade é às vezes um pouco deturpada. Compreender isto é uma graça”, disse.

"Com efeito, muitas vezes pode acontecer que convicções erradas sobre a realidade, baseadas nas experiências do passado, nos influenciem fortemente, limitando a nossa liberdade de apostar naquilo que realmente conta na nossa vida", disse ele.

Para Francisco, “a tentação não sugere necessariamente coisas más, mas muitas vezes coisas desordenadas, apresentadas com importância excessiva” e disse que essas tentações “não podem cumprir o que prometem, e assim no final deixam-nos uma sensação de vazio e de tristeza”.

"Deste mal-entendido derivam com frequência os maiores sofrimentos, dado que nada disto pode ser a garantia da nossa dignidade", disse.

Segundo o papa, é “importante conhecer-se, conhecer as senhas do nosso coração, aquilo a que somos mais sensíveis, para nos protegermos de quem se apresenta com palavras persuasivas para nos manipular, mas também para reconhecer o que é realmente importante para nós, distinguindo-o das modas do momento ou de slogans vistosos e superficiais”.

Para alcançar este conhecimento pessoal, o papa aconselhou fazer um exame de consciência e uma reflexão sobre "o que acontece no nosso dia, aprendendo a observar nas avaliações e escolhas aquilo a que damos mais importância, o que procuramos e porquê, e o que afinal encontramos”.

“Aprendendo sobretudo a reconhecer o que sacia o coração. Pois somente o Senhor nos pode dar a confirmação de quanto valemos. Diz-nos isto todos os dias da cruz: morreu por nós, para nos mostrar quão preciosos somos aos seus olhos. Não há obstáculo nem fracasso que possa impedir o seu terno abraço”, concluiu Francisco.

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