“Os católicos que aceitam os ensinamentos da Igreja, inclusive em matéria de moralidade sexual, esperam ferventemente que os círculos eclesiásticos competentes prontamente peçam aos bispos flamengos que retirem sua declaração e se adaptem”, disse o arcebispo de Utrecht, Willem Jacobus cardeal Eijk em um artigo em La Nuova Bussola Quotidiana, sobre o ritual de bênção para uniões homossexuais proposto pelos bispos de língua flamenga da Bélgica.

Os bispos flamengos publicaram na terça-feira (20) o documento “Ser Pastoralmente Próximo à Pessoa Homossexual – Por uma Igreja acolhedora que não Exclua Ninguém”. No documento “os bispos flamengos oferecem a possibilidade de abençoar uniões de pessoas do mesmo sexo num relacionamento duradouro e monógamo”, escreve o cardeal Ejk. “Numa declaração eles também dão um modelo para a celebração da Palavra e oração em que a bênção pode se dar”.

No modelo proposto pelos bispos belgas, depois de uma “palavra inicial” e de uma “oração inicial” se propõe uma “expressão com compromisso de ambas as partes uma à outra, manifestando diante de Deus seu laço mútuo. Isso pode ser feito, por exemplo, no seguintes termos: Deus de amor e de fidelidade, hoje estamos diante de Vós cercados pela família e amigos. Nós vos agradecemos por termos sido capazes de nos encontrar. Queremos estar um para o outro em todas as circunstâncias da vida. Confiantemente expressamos que queremos trabalhar para a felicidade um do outro, dia a dia. Oremos: concedei-nos a força de permanecer fiéis um ao outro e aprofundar nosso compromisso. Confiamos em vossa proximidade, por vossa Palavra queremos viver, um para o outro para sempre”.

Os bispos flamengos enfatizam, em seu documento, que uma tal bênção não é um sacramento da Igreja, como é o casamento. Ejk, porém, observa: “A oração dada como exemplo da declaração em que as uniões homossexuais se comprometem entre si mostra uma analogia inequívoca com o ‘sim’ que o homem e mulher pronunciam durante a cerimônia de casamento. O medo, portanto, não é infundado: a transição dessa bênção para o casamento entre pessoas do mesmo sexo não é um grande passo e será possível em um futuro próximo”.

Além disso, diz o Cardeal Eijk "a bênção não pressupõe apenas uma boa intenção por parte de quem a recebe. O que é abençoado também tem que corresponder à ordem da criação de Deus. Deus criou o matrimônio como um dom total e mútuo do homem e da mulher um ao outo que encontra seu ápice na procriação".

A Igreja “não pode rezar para que a graça de Deus possa operar em um relacionamento que não esteja de acordo a ordem de criação”.

“A Palavra de Deus contida nas Escrituras qualifica de maneira inequívoca e inegável as relações homossexuais como pecado”, escreve o cardeal. Com iniciativas como a dos bispos flamengos “existe o risco de que o católico médio, que geralmente sabe muito pouco sobre sua própria fé, se desvíe e comece a pensar que as relações sexuais duradouras e monógamas entre pessoas do mesmo sexo são moralmente aceitáveis”.

Além disso, conclui o arcebispo holandês, “permitir a bênção dos casais homossexuais traz o grande risco de esvaziar as bênçãos e minar o ensinamento da Igreja sobre a moralidade do matrimônio e a ética sexual”.

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