O governo de Daniel Ortega, ex-guerrilheiro de esquerda que soma 29 anos no poder da Nicarágua, proibiu as procissões de são Miguel Arcanjo e são Jerônimo na cidade de Masaya. Em 2018, grupos paramilitares ligados a Daniel Ortega atacaram a população e em 2019 um grupo de mães e o padre Edwing Román entraram em greve de fome para protestar contra o ataque da polícia de Ortega contra a Igreja e a população local.

“A arquidiocese de Manágua comunica que a Polícia Nacional da cidade de Masaya informou às irmandades e párocos das paróquias de são Miguel Arcanjo e são Jerônimo, que por motivos de segurança pública não serão permitidas procissões nas respectivas festividades daquela cidade”, diz um comunicado publicado no sábado (17).

Em seu comunicado, a arquidiocese de Manágua convida os devotos “dos santos padroeiros, a ter em mente que a fé e a devoção são um tesouro que carregamos em nossos corações e a partir daí podemos prestar a devida homenagem com a força dessa herança ancestral em nossas comunidades”.

“As missas, novenas e celebrações litúrgicas próprias de ambas as festividades serão feitas de acordo com o programa de cada uma das paróquias nos respectivos templos”, diz o comunicado.

Para concluir, a arquidiocese de Manágua deseja que "são Miguel Arcanjo, são Jerônimo e a Bem-Aventurada Virgem Maria, mãe da Igreja e Rainha da Paz, intercedam e escutem as orações, obtenham para nós a cura de todo mal com o remédio de Deus ".

Não é a primeira vez que o governo da Nicarágua proíbe uma procissão da Igreja Católica. Em agosto, a procissão de Nossa Senhora de Fátima por ocasião do congresso mariano "Maria Mãe da Esperança" foi proibida.

Em 15 de setembro, o Parlamento Europeu aprovou por 538 votos a favor e 16 contra uma resolução exigindo a libertação imediata do bispo Rolando Álvarez, que está em prisão domiciliar desde 19 de agosto.

A perseguição à Igreja na Nicarágua também atingiu as Missionárias da Caridade, congregação fundada por madre Teresa de Calcutá. Elas foram expulsas do país em julho deste ano.

O padre Oscar Benavidez, da diocese de Siuna, o padre Ramiro Tijerino, o padre José Luis Diaz, o padre Sadiel Eugarrios e o padre Raúl González estão na prisão de El Chipote, em Manágua, conhecida como centro de tortura dos adversários do regime sandinista no poder na Nicarágua.

Também os seminaristas Darvin Leyva e Melquín Sequeira, e o cinegrafista Sergio Cárdenas, da diocese de Matagalpa, estão em El Chipote.

Com exceção de padre Benavidez, todos os outros foram presos na madrugada de sexta-feira, 19 de agosto, na cúria episcopal de Matagalpa, quando a polícia prendeu dom Rolando Álvarez.

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