“Às vezes - estou falando de todos, em geral, não só da Alemanha – se pensa como renovar, como tornar a pastoral mais moderna: isso é bom, mas sempre que esteja nas mãos de um pastor. Se a pastoral está nas mãos dos ‘cientistas’ da pastoral, que opinam aqui e dizem o que deve ser feito lá...” não funciona, disse o papa Francisco na entrevista coletiva no voo de volta do Cazaquistão a Roma ontem (15).

“Jesus fez a Igreja com pastores, não com líderes políticos. Ele fez a Igreja com gente ignorante, os doze eram um mais ignorante que o outro e a Igreja foi adiante”, disse o papa.

Respondendo a uma pergunta de Rudolf Gehrig, o correspondente de língua alemã no Vaticano do grupo ACI e da EWTN, grupo de comunicação a que pertence a ACI Digital, sobre o declínio na Europa dos fiéis que assistem à missa dominical, o papa disse que “é verdade que o espírito de secularização, do relativismo, questiona essas coisas, é verdade”.

O papa falou da importância de “ser coerente com a própria fé”. “Um bispo ou um padre que não é coerente, os jovens têm olfato... e então tchau!”.

“Quando uma Igreja, seja ela qual for, em algum país ou em um setor, pensa mais no dinheiro, no desenvolvimento, nos planos pastorais e não na pastoral, e se vai para aquele lado, isso não atrai as pessoas”, disse Francisco.

O papa recordou a publicação da carta que escreveu há dois anos ao povo alemão, ocasião em que "houve pastores que a publicaram e a divulgaram de pessoa a pessoa..." e disse que "quando o pastor está próximo do povo, ele diz: o povo deve saber o que o papa pensa. Acredito que os pastores devem continuar indo em frente, mas se perderam o cheiro das ovelhas e as ovelhas perderam o cheiro dos pastores, não se vai adiante”.

Para Francisco, é importante que na Igreja haja “o olfato do rebanho com o pastor e do pastor com o rebanho” e acrescentou “quando há uma crise num lugar, numa província... Eu me pergunto: o pastor está em contato, está próximo ao rebanho? Esse rebanho tem um pastor? O problema são os pastores”.

O papa Francisco sugeriu a leitura do "Comentário de santo Agostinho sobre os pastores" que "lê-se em uma hora" porque, para ele, "é uma das coisas mais sábias que foram escritas para os pastores e com isso você pode qualificar este ou aquele pastor”.

“Não se trata de modernizar: certamente é preciso atualizar-se com métodos, isso é verdade, mas se falta o coração do pastor, nenhuma pastoral funciona. Nenhuma”, concluiu o papa.

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