Na entrevista coletiva que deu no voo de volta do Cazaquistão para Roma ontem (15), o papa Francisco falou sobre a situação da Igreja Católica na Nicarágua, e disse que "foi falado com o governo, há diálogo”.

Desde 2018, quando a Igreja na Nicarágua apoiou os protestos populares contra o governo de Daniel Ortega, ex-líder guerrilheiro de esquerda que soma 29 anos no poder, a Igreja sofre perseguição. O bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez, está desde 19 de agosto em prisão domiciliar na casa de seus pais em Manágua

A perseguição à Igreja na Nicarágua também atingiu as Missionárias da Caridade, congregação fundada por madre Teresa de Calcutá. Elas foram expulsas do país em julho deste ano.

O padre Oscar Benavidez, da diocese de Siuna, o padre Ramiro Tijerino, o padre José Luis Diaz, o padre Sadiel Eugarrios e o padre Raúl González estão na prisão de El Chipote, em Manágua, conhecida como centro de tortura dos adversários do regime sandinista no poder na Nicarágua. Também os seminaristas Darvin Leyva e Melquín Sequeira, e o cinegrafista Sergio Cárdenas, da diocese de Matagalpa, estão em El Chipote.

Respondendo sobre uma mensagem para o povo da Nicarágua, Francisco disse que “todas as notícias sobre a Nicarágua são claras. Há diálogo. Foi falado com o governo, há diálogo”.

“Isso não quer dizer que se aprova tudo o que o governo faz ou que se desaprova tudo. Não. Há diálogo e é preciso resolver os problemas”, disse.

“Neste momento existem problemas. Espero pelo menos que as irmãs de Madre Teresa retornem”, disse Francisco, referindo-se às Missionárias da Caridade expulsas em 6 de julho deste ano pela ditadura de Daniel Ortega, ex-guerrilheiro de esquerda que soma 29 anos no poder da Nicarágua.

O papa disse que as freiras fundadas pela santa madre Teresa de Calcutá “são boas revolucionárias, mas do Evangelho”.

“Não fazem guerra contra ninguém. Na verdade, todos nós precisamos dessas mulheres. Este é um gesto que não se entende", disse.

O papa espera que elas “voltem e que o diálogo possa continuar. Mas nunca parar o diálogo”.

"Existem coisas que não são compreendidas. Colocar um núncio na fronteira é uma coisa grave diplomaticamente", disse ele, lembrando dom Waldemar Stanisław Sommertag, núncio apostólico na Nicarágua até ser expulso em março deste ano.

Dom Waldemar Stanisław Sommertag foi nomeado recentemente pelo papa como núncio apostólico no Senegal, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Mauritânia.

“O núncio é uma pessoa boa que agora foi nomeado para outro lugar”, disse o papa.

“Essas coisas são difíceis de entender e até de engolir. Mas, na América Latina há de um lado ou de outro situações desse tipo”, concluiu.

Confira também: