Pesquisa Ipec divulgada ontem (13) mostra que 70% dos brasileiros são contra a legalização do aborto e apenas 20% a favor. Para integrantes de entidades pró-vida do Brasil, este resultado comprova que o “povo brasileiro defende a vida”. “Os números confirmam algo que há um bom tempo vem sendo detectado cada vez que se faz uma pesquisa de opinião, que realmente, a população brasileira é majoritariamente contra o aborto, é uma população pró-vida, que reconhece os direitos da criança por nascer. Isso é parte da cultura brasileira, felizmente”, disse à ACI Digital Lenise Garcia, presidente do Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil sem Aborto.

No Brasil, o aborto é crime tipificado pelo Código Penal e não é punível quando a gravidez é decorrente de estupro ou quando há risco para a vida da mãe. Em um julgamento de 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o aborto também não é punível em casos de bebê com anencefalia.

Ações no STF buscam ampliar o aborto no país, como a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 442/2017 (ADPF 442). Esta ação foi apresentada pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e propõe a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.

A pesquisa do Ipec, ex-Ibope, foi encomendada pela rede Globo. Foram ouvidas 2.512 pessoas entre 9 e 11 de setembro, em 158 municípios. Do total, 8% disseram não ser contra nem a favor da legalização do aborto e 2% não souberam responder.

Para o coordenador da Comissão da Defesa da Vida do Regional Sul1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Roberto Vertamatti, esses “8% que dizem não ser contra e nem a favor, com alguma conscientização, também se tornarão contra esse crime”. “Importante salientar que a imprensa, maciçamente, tem agido e se manifestado a favor deste crime. Apesar disto, a grande maioria do povo brasileiro, mesmo com este bombardeio negativo, permanece a favor da vida”, disse.

Ricardo Pupo, coordenador da Comissão de Defesa da Vida da arquidiocese de São Paulo, também ressaltou que, “apesar dos formadores de opinião que dominam a grande mídia serem a favor do avanço dessa cultura de morte”, o Brasil “ainda resiste a essa influência demoníaca e se coloca contra a legalização do aborto, das drogas e da eutanásia”.

Fabiano Farias, coordenador do Movida (Movimento pela Vida e Não Violência), de Fortaleza (CE), considerou o resultado da pesquisa “expressivo”. Mas, afirmou acreditar que “esse número seja bem maior, em torno de 80% a 85% das pessoas no Brasil contrárias à legalização do aborto”.

Segundo Ipec, o resultado da pesquisa é praticamente o mesmo se for considerado apenas as mulheres. Do total, 67% são contra a legalização do aborto e 22% a favor.  Além disso, a maioria é contra a legalização do aborto em todas as faixas etárias e níveis de ensino.

Os dados da pesquisa mostram que o percentual de pessoas contra o aborto diminui entre os mais jovens. Mas, ainda assim, são a maioria. Segundo o levantamento, 59% das pessoas entre 16 e 24 anos são contra a legalização do aborto, número que passa para 67% entre 25 e 34 anos, 71% entre 35 e 44 anos, 73% entre 45 e 59 anos, e 77% acima dos 60 anos.

Em relação ao nível de escolaridade, 80% das pessoas com ensino fundamental são contra a legalização do aborto, índice que passa para 69% entre os que possuem ensino médio e 57% dos que têm nível superior.

Liham Oliveira tem 24 anos e é estudante de Gestão Pública. Ele faz parte da vigília 40 Dias pela Vida, em São Paulo (SP).  Para o estudante,” muito mais de 70% do povo brasileiro é pró-vida, sobretudo os mais jovens que são os que tem tomado mais ainda a frente da batalha pró-vida e pró-família”. “O nosso trabalho de apostolado mostra que são os mais jovens que têm buscado mais ainda defender a vida e os valores morais”, acrescentou.

A presidente do Movimento Brasil Sem Aborto, Lenise Garcia, também chamou a atenção para o fato de que matéria do G1 que divulgou a pesquisa, em determinado trecho, se refere aos entrevistados pela pesquisa como “eleitores”. “Vemos que é uma pesquisa feita em função da eleição e isso chama a atenção porque, até há algum tempo, esse não era um tema que entrasse forte do ponto de vista eleitoral”, disse. Entretanto, cada vez mais, essa questão é algo que é considerado pelo eleitor no momento de escolher seu candidato”.

Fabiano Farias, do Movida, concorda. Para ele, “este momento tão particular que estamos vivendo de eleição traz muito à tona esse assunto e vai mostrando fatores que levam as pessoas à reflexão de que a vida deve ser defendida desde sua concepção até o seu declínio natural”.

Ricardo Pupo destacou a importância das pessoas se informarem mais sobre o tema neste período eleitoral. “É fundamental que os brasileiros votem em candidatos comprometidos com a defesa e promoção da vida e da família para todos os cargos, pois são eles que definirão o futuro da nossa sociedade”, disse, citando o manifesto "Apelo a todos os brasileiros  - A vida humana, a família e a democracia estão em perigo", da comissão da Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB, com apoio de diversas instituições pró-vida.

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