O papa Francisco teve um encontro privado com o representante do patriarcado da Igreja Ortodoxa Russa, metropolita Antonij de Volokolamsk, presidente do Departamento de Relações Exteriores do Patriarcado de Moscou.

O encontro foi um de vários com líderes religiosos mundiais no Palácio da Paz e da Reconciliação em Nur-Sultan, capital do Cazaquistão hoje (14), segundo dia de sua viagem ao país.

No início do dia, os líderes religiosos tiveram um momento de oração silenciosa e, em seguida, participaram da abertura e sessão plenária do VII Congresso de Líderes Mundiais e Religiões Tradicionais.

A Santa Sé informou que o encontro durou 15 minutos. No final da audiência privada, o metropolita Antonij disse que o encontro com o papa "foi cordial" e que o papa Francisco "enviou suas saudações ao patriarca Kirill".

O metropolita Antonij falou que contou ao papa sobre "a presença da Igreja Ortodoxa Russa no Cazaquistão, que é muito numerosa" e que o papa "teve interesse".

Sobre um possível encontro entre o papa Francisco e o patriarca Kirill, Antonij disse que "existe a possibilidade, mas o encontro deve ser bem preparado, devemos ver onde, quando" e acrescentou que "o mais importante é ter algo no final, algum chamado como fizemos em Havana”. Um encontro entre os dois líderes para discutir a guerra na Ucrânia poderia ter acontecido durante esta viagem do papa, mas o patriarca Kiril desistiu de ir ao Cazaquistão.

Depois do encontro entre o papa Francisco e o patriarca Kirill em Havana, Cuba, em 12 de fevereiro de 2016, a que Antonij se referiu, os dois líderes assinaram uma declaração conjunta.

Sobre a possibilidade de um segundo encontro entre o patriarca e o papa em Jerusalém, o metropolita Antonij disse que "foi cancelado pela Santa Sé".

Os jornalistas perguntaram se o patriarca Kirill "ainda está ofendido" depois que o papa o chamou de "coroinha de Putin" em uma entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera.

Na entrevista, o papa falou sobre a videochamada de 40 minutos que fez com o patriarca Kirill em 16 de março sobre a guerra na Ucrânia. “Nos primeiros vinte minutos, com um pedaço de papel na mão, ele me leu todas as justificativas para a guerra. Eu escutei e disse: eu não entendo nada disso. Irmão, não somos clérigos do Estado, não podemos usar a linguagem da política, mas a de Jesus. Somos pastores do mesmo povo santo de Deus. Por isso devemos buscar caminhos de paz, cessar o fogo das armas. O patriarca não pode se tornar o coroinha de Putin", disse o papa ao Corriere.

Segundo o metropolita Antonij, “é claro que expressões deste tipo não são úteis para a unidade entre os cristãos”.

Para ele, a entrevista do Corriere “foi uma surpresa, mas sabemos que devemos seguir em frente, isso é importante, que os dois líderes continuem nesse caminho para fazer tudo o que nós cristãos podemos fazer para ajudar as pessoas, isso é o mais importante”, disse o metropolita russo após o encontro com o papa.

Outros encontros

Além do encontro privado com o representante do patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, metropolita Antonij de Volokolamsk, o papa Francisco se reuniu com outros líderes religiosos, cristãos, judeus e muçulmanos.

Entre eles, o papa se encontrou com o patriarca ortodoxo de Jerusalém, sua beatitude Theophilos III, com os rabinos de Israel David Baruch Lau e Yitzhak Yosef e com o grão-imã de Al-Azhar, o professor Ahmad Muhammad Al-Tayyeb. Al-Azhar é uma mesquita e escola no Cairo, Egito, que serve como referência para todos os sunitas, ramo do islamismo que congrega mais de 80% dos muçulmanos do mundo.   

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