O bispo de Iquique, Chile, dom Isauro Covili Linfati, disse que a democracia "ganhou" no domingo (4), quando, com ampla maioria de 62%, o povo chileno rejeitou a proposta de uma nova Constituição que pretendia introduzir “o aborto livre e eutanásia”.

“A democracia, como ato de liberdade responsável, ganhou”, disse Linfati, em comunicado divulgado no domingo (4).

Neste domingo, a nova Constituição proposta obteve apenas 38,13% dos votos a favor, portanto, será mantida a Carta Magna elaborada durante a ditadura de Augusto Pinochet, que governou o país entre 1973 e 1990, e que recebeu algumas reformas durante os anos da democracia.

Dom Linfati escreveu que "não se pode tirar conclusões felizes" desse processo, pois há várias "lições que temos que aprender como país".

O bispo criticou que na elaboração do texto, "que deveria trazer unidade à nossa nação", "instituições importantes", como a Igreja Católica e seus bispos, não foram ouvidos nem acolhidos.

Ele também lamentou que na criação do texto da nova Constituição "uma minoria tenha tentado impor sua visão e sua vontade".

“É um texto que, mesmo tendo temas muito bons, estava destinado a não ser aceito pela maioria, principalmente por ter introduzido o aborto livre e a eutanásia, entre outros temas”, disse.

Em seu comunicado, dom Linfati convidou “os milhares de devotos que rezam e dançam à Virgem do Carmen”, carinhosamente apelidada de La Chinita, e a são Lourenço, “a colaborar para o bem da unidade do país”.

Linfati pediu que, a partir da fé em Jesus Cristo e "movidos pelo bem, pela verdade, pela justiça", os chilenos consigam banir "os fundamentalismos, polarizações, violências, intolerâncias e fechamentos ideológicos experimentados nos últimos meses que prejudicaram a alma de Chile".

O bispo também exortou a "reencontrar-nos e percorrer caminhos de profunda análise do vivido, acompanhados por espaços de silêncio e penitência". "Trabalhando juntos na busca de acordos, abertura de pensamento, de valor e respeito de toda pessoa", acrescentou.

Por fim, disse que “a rejeição expressa pelos eleitores não significa ficar com o atual texto constitucional, mas tem a ver com o desejo de escrever um texto novo e melhor”.

Isso deve gerar “unidade e uma visão de país compartilhada por uma grande maioria e, para isso, confio que o presidente Gabriel Boric terá visão suficiente para entender e enfrentar os desafios nesta matéria”, concluiu.

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