Hoje (1º), faz 40 anos da morte de Isabel Cristina Mrad Campos, que teve seu martírio reconhecido pela Igreja e será beatificada no dia 10 de dezembro, em Barbacena (MG). Miguel Mrad, tio da futura beata, contou à ACI Digital que a família aguarda com alegria a beatificação. Destacou ainda que foi em casa, junto aos pais, que Isabel Cristina recebeu a formação católica que marcou a vida dela.

“Com certeza, a família se dedicava muito à formação católica, iam a missa, participando da confissão, da comunhão. E Isabel acompanhava os pais e valorizou essa formação católica, sempre participando dos eventos da Igreja. Ela demonstrava ser uma pessoa que tinha uma busca muito grande por Deus”, disse Miguel Mrad, de 70 anos.

Isabel Cristina Mrad Campos nasceu em 29 de julho de 1962, em Barbacena (MG), filha de José Mendes Campos e Helena Mrad Campos, que já morreram. Em 1982, mudou-se para Juiz de Fora (MG) para frequentar um curso pré-vestibular para Medicina.

Naquele mesmo ano, ela preparava um pequeno apartamento para onde havia se mudado com seu irmão, Paulo Roberto. No dia 1º de setembro, um homem que foi montar um guarda-roupa tentou violentá-la, mas Isabel resistiu. Diante da resistência dela, o homem lhe deu uma cadeirada na cabeça, amarrou a moça, amordaçou e rasgou suas roupas. Como ela não cedeu, o agressor lhe deu 15 facadas, matando-a.

Em outubro de 2020, o papa Francisco reconheceu o martírio da serva de Deus Isabel Cristina, morta por defender sua castidade.

“A família está muito alegre neste momento, também pela pessoa que era Isabel Cristina, seu comportamento, dedicação às coisas da Igreja, às coisas mais simples, a ideia dela de estudar Medicina para prestar serviços às crianças”, disse o tio da futura beata.

Miguel Mrad disse à ACI Digital que conviveu “um tempo mais próximo” da família de Isabel Cristina “quando era funcionário do pai dela”. “Ele tinha um escritório de contabilidade e eu estava me formando naquela ocasião. Então, ia prestar serviços no escritório, que era dentro da casa deles. Com isso, convivi um pouco mais de perto com a Isabel Cristina. Lembro-me dela saindo para a escola, os momentos de conversa, e também alguns eventos que tivemos em família, como a Primeira Comunhão e a Crisma dela”. Segundo Miguel Mrad, Isabel Cristina “estava sempre junto aos pais, principalmente com a mãe, e isso chamava muito a atenção, pois ela gostava de estar com os pais”.

Monsenhor Danival Milagres, pároco da paróquia Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena, onde Isabel Cristina foi batizada e onde estão os restos mortais dela, ressaltou que a futura beata “foi uma jovem educada na espiritualidade vicentina”. “Ela traz no seu testemunho a marca da educação na fé que recebeu de seus pais”, disse à ACI Digital. Recordou que o pai dela era presidente do conselho central dos vicentinos de Barbacena e a mãe era “sempre muito atuante na Igreja”.

“Esse é um elemento que costumo sempre chamar a atenção: é na família que somos chamados a aprender e viver a fé e os valores do evangelho. A jovem Isabel Cristina soube valorizar a vida em família. Seus pais souberam educá-la na fé e ela soube conservar os valores que recebeu dos pais”, afirmou o pároco.

Para monsenhor Milagres, a beatificação de Isabel Cristina “se torna também motivação para nossas famílias acreditarem que vale a pena investir na educação na fé dos filhos, mesmo em meio a uma sociedade que se coloca de forma hostil aos valores cristãos”. “Temos que ter a coragem que teve a família de Isabel Cristina e também ela de defender os valores da nossa fé”, declarou.

Para o tio da mártir, ter uma beata na família será um incentivo a mais na busca por santidade. “Com certeza, isso vai tocar muito nossa família, principalmente meus filhos, os outros sobrinhos, alguns com a idade dela ou se aproximando da idade dela. Isso vai ser um incentivo para seguir os passos, o comportamento, a história, a fé dela”, declarou. Mas, Miguel Mrad ressaltou que “será algo muito bom não só para a família, mas para toda a comunidade”.

Segundo monsenhor Danival Milagres, Isabel Cristina “deixa um legado para nossa juventude: não ter vergonha de viver e defender os valores da nossa fé”. “Ela dizia: ‘Vale a pena resistir ao mal, custe o que custar’. Custou-lhe a vida. Por isso, ela nos deixou esse exemplo de fé, de coragem e, sobretudo, de esperança na vida eterna”.

O pároco afirmou que a beatificação da mártir mostra ainda que “a santidade é para todos nós”. “As pessoas que conviveram com ela comentam que a conheceram e não imaginavam que ela seria beata – e rezamos para que chegue também à canonização. Mas, isso mostra que ser santo não é algo impossível, é uma realidade palpável e possível para todos nós. Basta que perseveremos na fé e na comunhão com Deus”, disse o sacerdote.

Hoje, ao recordar os 40 anos da morte de Isabel Cristina, será celebrada missa às 15h no santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena, como acontece todos os anos. Segundo monsenhor Danival Milagres, esta é “uma celebração de ação de graças pela sua vida, que foi um testemunho de fé que culminou no seu martírio”.

Confira também: