O diretor-executivo da EDUCAFRO, frei David Santos, pretende levar “um grupo de quilombolas, afro-brasileiros e indígenas” para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Lisboa, Portugal, no ano que vem. O franciscano falou sobre este projeto com o presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, dom Américo Aguiar, durante um encontro em São Paulo (SP).

Dom Américo Aguiar, também bispo auxiliar de Lisboa, está no Brasil com um grupo de representantes da JMJ Lisboa 2023 para divulgar o evento e motivar a participação dos brasileiros na Jornada que acontecerá de 1° a 6 de agosto de 2023, na capital portuguesa. Na agenda desta comitiva está uma participação na 59ª Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida (SP) de 28 de agosto a 2 de setembro e, em seguida, visitas a Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Brasília (DF), Belém (PA) e Fortaleza (CE).

Antes de cumprir a agenda na Assembleia da CNBB, dom Américo esteve em São Paulo, onde se reuniu com o diretor-executivo da EDUCAFRO, David Santos.

A EDUCAFRO é uma ONG mantida pelo Serviço Franciscano de Solidariedade que visa a inclusão de negros e pessoas vindas de escolas públicas em universidades públicas ou particulares, através de cursinhos comunitários e bolsas de estudo para graduação e pós-graduação em parceria com algumas instituições do país.

Após o encontro, dom Aguiar disse à Agência Ecclesia que a organização da JMJ Lisboa 2023 vai “fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que jovens indígenas, de origem africana e de outras comunidades do Brasil, dessas periferias, possam atravessar o atlântico e serem conquistados e conquistarem-nos o coração”.

Segundo o presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, ao assegurar a participação de “comunidades periféricas”, estão buscando atender um desejo do papa Francisco de “termos em atenção, no continente americano e tantos outros continentes, as comunidades que são periferias geográficas e existenciais, quer indígenas, os que são de origem africana e outros povos que coabitam neste imenso Brasil”.

Frei David Santos manifestou satisfação por esta possibilidade. “Queremos que o Brasil leve a maior delegação para o encontro mundial da juventude, por dois motivos: para recuperar a juventude para o processo do Reino de Deus, que é importante para todos nós; o segundo ponto, é que temos uma dívida para com Portugal para melhorar e entrelaçar as partilhas e as amizades”, disse o franciscano à Ecclesia.

Segundo Santos, em setembro, a EDUCAFRO também terá um momento significativo em sua história, pois possibilitará a participação de cinco jovens no encontro “Economia de Francisco”, em Assis, Itália.

A “Economia de Francisco” surgiu quando o papa escreveu uma carta em 1º de maio de 2019 convidando estudantes de economia, economistas, agentes de mudança e empreendedores com menos de 35 anos em todo o mundo, que tivessem interesse por um “tipo diferente de economia: uma que traga vida e não morte, que seja inclusiva e não exclusiva, humana e não desumanizadora, que cuide do meio ambiente e não o despoja”.

No início de agosto, o ex-vereador de Curitiba (PR), Renato Freitas (PT), afirmou que vai participar do evento “Economia de Francisco”, a convite de frei David Santos. “Tendo em vista minha caminhada de luta em prol do povo negro e pobre das periferias brasileiras fui convidado a compartilhar minhas experiências nas comunidades em que atuo”, disse na ocasião à ACI Digital.

Freitas teve o mandato de vereador cassado pela Câmara de Curitiba por “procedimento incompatível com o decoro parlamentar”, após participar da invasão à igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, durante uma manifestação contra o racismo, em fevereiro.

Confira também: