O governo de Daniel Ortega, ex-guerrilheiro que soma 29 anos no poder da Nicarágua, prendeu vários padres da Igreja Católica, incluindo o bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez.

Álvarez foi preso na madrugada de sexta-feira (19) e levado para lugar desconhecido. Depois a polícia informou que ele está em prisão domiciliar na casa da família dele em Manágua, capital do país, a quase três horas de carro de Matagalpa.

O bispo foi preso depois de 15 dias preso na cúria episcopal de Matagalpa.

Junto com ele foram preos os padres Ramiro Tijerino, José Luis Diaz, Sadiel Eugarrios e Raúl González; os seminaristas Darvin Leyva e Melquín Sequeira; e o cinegrafista Sergio Cárdenas. Todos passaram os 15 dias de cerco à cúria com o bispo.

Tijerino é reitor da Universidade João Paulo II e, durante o período preso na cúria episcopal, passou mal com hipertensão, diabetes descontrolada e problemas na coluna.

Em comunicado publicado no domingo (21), a Equipe Regional de Monitoramento e Análise de Direitos Humanos da América Central exigiu a “libertação imediata” dos padres, dos seminaristas e do cinegrafista.

"Exigimos que sejam respeitadas suas garantias fundamentais, bem como sua integridade física e psicológica", pediu o comunicado.

Desde sexta-feira (19), os padres e leigos estão na prisão conhecida como El Chipote, conhecida como local de tortura.

O padre Oscar Benavidez, pároco da Paróquia do Espírito Santo na cidade de Mulukukú, também foi preso. "Não sabemos as causas ou razões de sua prisão e esperamos que as autoridades nos mantenham informados", disse a diocese de Siuna.

O texto pede orações pelo padre, cuja “única missão é e tem sido anunciar a boa nova de Jesus Cristo, que é a palavra de vida e salvação para todos”.

O Ministério Público, controlado pelo governo Ortega, pediu 90 dias de prisão para o padre, que também está detido em El Chipote.

Mais de 190 ataques contra a Igreja Católica nos últimos anos

Os meios opositores acusam o regime de Ortega de continuar perseguindo a Igreja Católica, que em menos de quatro anos sofreu 190 ataques e profanações, como o incêndio em uma das capelas da catedral de Manágua e o cerco policial contra bispos e padres.

Embora não tenham sido sequestrados, em 14 de agosto os padres Erick Díaz e Fernando Calero foram impedidos pela polícia de Ortega de ir à catedral de Matagalpa para receber a imagem de Nossa Senhora de Fátima.

Em 29 de junho, a Assembleia Nacional, dominada pelo partido no poder, aprovou a expulsão das Missionárias da Caridade e outras 100 ONGs. As freiras tiveram que deixar o país no início de julho.

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