Francisco Javier “Patxi” Bronchalo, padre espanhol da diocese de Getafe, disse que a Igreja Católica existe para pregar Cristo, e não para promover anticoncepcionais ou preservativos.

O padre publicou um tuíte no domingo (31) por causa de rumores de que a Igreja poderia mudar sua posição sobre esse tema.

“Você realmente acha que se a Igreja disser que os anticoncepcionais são ótimos, haverá conversões em massa? Você acha que esse é o problema?”, escreveu Bronchalo.

“A Igreja existe para mostrar a vida em plenitude e o caminho para o Céu, para pregar Cristo, não Durex”, acrescentou o padre, referindo-se a uma marca de preservativos.

Falando ontem (1º) à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, Bronchalo explicou que “é difícil compreender o tema da afetividade e da sexualidade da forma como a Igreja ensina se não for visto com um olhar profundo de fé e a partir do coração”.

“A Igreja sempre convida a viver em plenitude a vida afetiva e a vida sexual. Daí o ensinamento de que o sexo é algo tão belo e pleno que não é possível reduzir nenhuma das duas finalidades que tem”, disse o padre Bronchalo.

A primeira “é a abertura à vida, à possibilidade de uma nova vida nascer pelo amor dos esposos”.

A segunda, destacou Bronchalo, “é a entrega mútua ao outro para o gozo do outro e por amor ao outro. A relação sexual é plena quando é vivida assim, como foi pensada por Deus”.

O padre finalmente explicou que "os anticoncepcionais fecham um desses dois fins", o da abertura à vida, "fazendo com que o ato não seja totalmente pleno".

A Pontifícia Academia para a Vida e os contraceptivos

A Pontifícia Academia para a Vida (PAV) vem ddefendendo mudar a doutrina católica sobre contraceptivos.

A PAV publicou o livro Ética Teológica da Vida: Escritura, Tradição e Desafios Práticos (em tradução livre. O livro só foi publicado em italiano), com contribuições apresentados em um congresso realizado em 2021.

O livro foi apresentado como “uma contribuição que elabora uma visão cristã da vida, expondo-a a partir da perspectiva de uma antropologia adequada à mediação cultural da fé no mundo de hoje”.

No entanto, vários membros ativos da Pontifícia Academia para a Vida não foram consultados sobre a publicação do documento.

Sobre o assunto, a médica espanhola Mónica López Barahona, membro do Conselho Diretivo da PAV e presidente da Fundação Jérôme Lejeune na Espanha, esclareceu que a publicação de um livro por esta instituição da Santa Sé não mudou o magistério da Igreja.

“Não é verdade que a Igreja ou o Magistério mudaram seus critérios morais em relação a algumas questões da Bioética; nem mesmo que o Vaticano tenha iniciado um processo de revisão desses temas", disse Barahona, acrescentando que o texto publicado pela PAV não "representa uma declaração oficial" da Pontifícia Academia.

O que a Igreja Católica diz sobre anticoncepcionais?

O papa são Paulo VI publicou a encíclica Humanae Vitae em julho de 1968, um documento profético sobre controle de natalidade, que foi bastante contestado especialmente dentro da Igreja Católica.

Nela, o santo papa advertiu sobre as consequências do uso de anticoncepcionais: degradação moral, perda de respeito pelas mulheres e o uso desses métodos artificiais como políticas de Estado.

Algumas décadas depois, em 1995, o papa são João Paulo II publicou a encíclica Evangelium Vitae, na qual relembra a imoralidade dos anticoncepcionais, do aborto, da eutanásia e da fertilização in vitro, entre outras questões.

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O Catecismo da Igreja Católica assinala no número 2399 que “A regulação dos nascimentos representa um dos aspectos da paternidade e da maternidade responsáveis. A legitimidade das intenções dos esposos não justifica o recurso a meios moralmente inadmissíveis (por exemplo, a esterilização direta ou a contracepção)”.

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