O papa Francisco respondeu a uma pergunta sobre a declaração da Santa Sé sobre o Caminho Sinodal Alemão, observando que “disse tudo o que tinha que dizer sobre o Caminho sinodal” em sua carta de 2019 à Igreja na Alemanha.

Na entrevista coletiva no voo de volta do Canadá a Roma no sábado (30), Francisco respondeu a uma pergunta de uma jornalista da agência católica alemã, que questionou a ausência de assinatura na declaração da Santa Sé de 21 de julho passado.

“Em primeiro lugar, este comunicado foi feito pela Secretaria de Estado... foi um erro não dizer isso... creio que se dissesse declaração da Secretaria de Estado, mas não tenho certeza. Foi um erro não ter assinado como Secretaria de Estado; mas um erro de ofício, não de má vontade”, explicou Francisco.

Francisco disse que “sobre o Caminho sinodal escrevi uma carta, fiz sozinho, após um mês de oração, reflexão e consultas. Eu disse tudo o que tinha que dizer sobre o Caminho sinodal, mais do que isso não direi".

“Este é o Magistério papal sobre o Caminho sinodal. Escrevi esta carta há dois anos. Passei por cima da Cúria, porque não a consultei”, continuou.

Francisco disse que sua carta de 2019 foi escrita “por minha iniciativa, como pastor, como irmão, como pai e como cristão para uma Igreja que está à busca de um caminho. Esta é a minha mensagem. Sei que não é fácil, mas tudo está escrito nesta carta. Obrigado.".

O Caminho Sinodal Alemão e a Declaração da Santa Sé

O Caminho Sinodal Alemão se descreve como um processo que reúne os bispos da Alemanha e leigos selecionados para debater e aprovar resoluções sobre o modo como o poder é exercido na Igreja, moral sexual, o sacerdócio, e o papel das mulheres, temas sobre os quais manifestaram várias vezes e publicamente opiniões contrárias à doutrina da Igreja, o que levou pelo menos 100 bispos e cardeais de todo o mundo a alertar para o perigo do cisma.

Em sua declaração de 21 de julho, a Santa Sé disse que o Caminho Sinodal poderia representar “uma ferida à comunhão eclesial e uma ameaça à unidade da Igreja”.

O texto diz que o Caminho Sinodal na Alemanha "não tem poder para obrigar bispos e fiéis a assumirem novas formas de governo e novas abordagens de doutrina e moral".

Carta do Papa Francisco de 2019

Em 29 de junho de 2019, Solenidade de São Pedro e São Paulo, o papa Francisco escreveu uma carta aos católicos da Alemanha, na qual diz, entre outras coisas, que “a Igreja universal vive nas e das Igrejas particulares, assim como as Igrejas particulares vivem e florescem na e da Igreja universal, e se se encontram separadas de todo o corpo eclesial, se enfraquecem, apodrecem e morrem”.

Em sua carta, Francisco advertiu sobre a tentação de adaptar a Igreja à lógica do presente ou de um grupo particular, que isso seria cair no “maior pecado do mundanismo e do espírito mundano anti-evangélico”.

O papa exortou os católicos na Alemanha a voltarem ao "primeiro amor" e a entrarem em contato com o que está "necrosado", ou seja, o que está morto, para que seja evangelizado pelo Senhor.

O papa Francisco destacou então a importância da evangelização, que é a missão essencial da Igreja e não uma conquista ou um retoque para se adaptar ao "espírito do tempo", mas é "um caminho discipular de resposta e conversão no amor àquele que nos amou primeiro".

Francisco também alertou sobre a “tentação do pai da mentira e a divisão, ao mestre da separação que, incitando a busca de um bem aparente ou resposta a uma determinada situação, acaba de fato fragmentando o corpo do santo povo fiel de Deus".

Segundo Francisco, para enfrentar esta tentação do diabo, são necessárias a oração, a penitência e a adoração eucarística.

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