Um dia depois de voltar a Roma de sua viagem de uma semana ao Canadá, o papa Francisco refletiu no domingo sobre os perigos de cobiçar riquezas e posses.

No Evangelho de domingo, Jesus responde a um homem que quer que seu irmão compartilhe sua herança com ele. “Guardai-vos de toda a ganância”, Jesus diz à multidão, “porque, embora seja rico, a vida de alguém não consiste em bens” (Lucas 12, 15).

O papa observou que, em vez de entrar nos detalhes da situação do homem, ele “vai à raiz das divisões causadas pela posse das coisas”: a cobiça.

“O que é cobiça? É a ganância desenfreada de posses, sempre desejando ser rico”, disse o papa, falando aos peregrinos na praça de São Pedro antes da oração do Ângelus.

“Esta é uma doença que destrói as pessoas, porque a fome de posses cria um vício. Acima de tudo, quem tem muito nunca está contente, quer sempre mais, e só para si. Mas, assim, a pessoa não é mais livre: está apegada, escrava, daquilo que paradoxalmente se destinava a servi-la para viver livre e serenamente”, alertou o Papa Francisco.

“Ao invés de ser servida pelo dinheiro, a pessoa se torna uma serva do dinheiro.”

O papa identificou a cobiça como uma “doença perigosa também para a sociedade”, apontando para a ganância que alimenta as guerras e, em particular, o “escândalo” do comércio de armas.

“E então, tentemos nos perguntar: onde estou com meu desapego das posses, da riqueza?” perguntou o papa. “Reclamo do que me falta ou sei me contentar com o que tenho? Em nome do dinheiro ou da oportunidade, estou tentado a sacrificar relacionamentos e tempo com os outros? E mais uma vez, acontece que eu sacrifique a legalidade e a honestidade no altar da cobiça?”

Em seguida, o papa mudou o foco para a “riqueza” de Deus.

“E então, podemos pensar, então, ninguém deveria desejar ficar rico? Certamente, você pode; em vez disso, é certo querê-lo. É belo tornar-se rico, mas rico segundo Deus! Deus é o mais rico de todos”, disse ele.

“Ele é rico em compaixão, em misericórdia. Suas riquezas não empobrecem ninguém, não criam brigas e divisões. É uma riqueza que sabe dar, distribuir, compartilhar. Irmãos e irmãs, não basta acumular bens materiais para viver bem, pois Jesus diz também que a vida não consiste no que se possui. Depende, em vez disso, de bons relacionamentos – com Deus, com os outros e até com aqueles que têm menos”.

O papa continuou: “Então, perguntemo-nos: para mim, como quero ficar rico? Quero ficar rico segundo Deus ou segundo a minha cobiça? E, voltando ao tema da herança, que legado quero deixar? Dinheiro no banco, coisas materiais ou pessoas felizes ao meu redor, boas obras que não são esquecidas, pessoas que ajudei a crescer e amadurecer?”

O papa Francisco concluiu pedindo a Nossa Senhora, que compartilhou as riquezas de Deus, que “nos ajude a entender quais são os verdadeiros bens da vida, aqueles que duram para sempre”.

Após sua reflexão, o papa agradeceu a todos que o ajudaram em sua viagem ao Canadá, assegurando aos que sofrem com a guerra na Ucrânia que permanecem em suas orações.

“Também, durante esta jornada, não deixei de rezar pelo povo ucraniano sofrido e agredido, pedindo a Deus que os libertasse do flagelo da guerra”, disse.

"Se olharmos objetivamente o que está acontecendo, considerando os danos que a guerra traz todos os dias para essas pessoas, e até para o mundo inteiro, a única coisa razoável a fazer seria parar e negociar", acrescentou. "Que a sabedoria inspire passos concretos em direção à paz."

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