No fracasso, “o Senhor vem ao nosso encontro, coloca-Se ao nosso lado, caminha pela nossa própria estrada”, disse o papa Francisco na missa celebrou no Santuário Nacional de Santa Ana de Beaupré, em Quebec, Canadá, na manhã de hoje (28).

Cerca de uma hora antes do início da missa, o papa cumprimentou do papamóvel os fiéis que o receberam à beira da estrada.

O papa beijou várias crianças pequenas que se aproximaram do papamóvel. Ele estava acompanhado pelo arcebispo de Quebec, cardeal Gérald Cyprien Lacroix.

Em sua homilia, Francisco comparou a viagem dos discípulos a Emaús com a “estrada da vida", onde " ao levarmos por diante os sonhos, os projetos, os anseios e as esperanças que habitam no nosso coração, embatemos-nos também com nossas fragilidades e fraquezas, experimentamos derrotas e decepções e, às vezes, ficamos prisioneiros da sensação de fracasso que nos paralisa”.

O papa declarou que é nesses momentos que “o Senhor vem ao nosso encontro, coloca-Se ao nosso lado, caminha pela nossa própria estrada com a discrição de um amável viandante que deseja reabrir os olhos e inflamar de novo o nosso coração”.

“E quando o fracasso deixa espaço ao encontro com o Senhor, a vida reabre-se à esperança e podemos reconciliar-nos conosco, com os irmãos, com Deus”, destacou.

Em seguida, encorajou a seguir "o itinerário deste caminho que poderíamos intitular do fracasso à esperança".

O papa Francisco disse que esta experiência de fracasso “acontece-nos sempre que os nossos ideais se deparam com as decepções da existência e os nossos propósitos são menosprezados por causa das nossas fragilidades; quando cultivamos projetos de bem, mas depois não temos a capacidade de os realizar; quando mais cedo ou mais tarde, nas atividades que realizamos ou nas nossas relações, experimentamos alguma derrota, algum erro, um fracasso ou uma queda, vendo desabar aquilo em que tínhamos acreditado ou nos tínhamos empenhado e sentindo-nos ao mesmo tempo esmagados pelo nosso pecado e os sentimentos de culpa”.

“Também nós, perante o escândalo do mal e o Corpo de Cristo ferido na carne dos nossos irmãos indígenas, caímos na amargura e sentimos o peso do fracasso”, continuou.

O papa Francisco também alertou sobre “a tentação da fuga”, uma tentação “do inimigo, que ameaça o nosso caminho espiritual e o caminho da Igreja: ele quer fazer-nos acreditar que aquele fracasso já seja definitivo”.

O papa assegurou que só é possível curar as feridas do passado com o amor de Deus e encorajou a acreditar “que Jesus Se vem juntar ao nosso caminho”.

“Deixemo-nos encontrar por Ele; deixemos que seja a sua Palavra a interpretar a história que vivemos como indivíduos e como comunidades, e a indicar-nos o caminho para nos curarmos e reconciliarmos”, pediu aos fiéis.

Além disso, convidou a colocar no coração de casa coisa “a sua Palavra, que ilumina os acontecimentos e reabre-nos os olhos para ver a presença operante do amor de Deus e a possibilidade de bem mesmo em situações aparentemente perdidas”.

“Coloquemos o Pão da Eucaristia, que Jesus ainda hoje parte para nós, para partilhar a sua vida com a nossa, abraçar as nossas fragilidades, sustentar os nossos passos cansados e conceder-nos a cura do coração”, concluiu.

Ao final da celebração eucarística, o cardeal Gérald agradeceu ao papa Francisco por sua presença e suas orações pelo povo canadense.

Em seguida, o papa Francisco abençoou os presentes e um bebê doente e deixou a igreja em uma cadeira de rodas.

O Santuário Nacional de Santa Ana de Beaupré está localizado ao lado do rio São Lourenço, 30 km a leste da cidade de Quebec, e há décadas é atribuída ao santário a cura de doenças e milagres. Por esta razão, este templo se tornou um santuário ao qual cerca de meio milhão de fiéis peregrinam todos os anos, especialmente durante a festa de santa Ana, a avó de Jesus.

Segundo dados oficiais, para a missa de hoje com o papa Francisco, 5 mil pessoas esperavam do lado de fora da igreja e 2 mil estavam dentro do templo.

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