O núncio apostólico na Ucrânia, dom Visvaldas Kulbokas, disse que o papa Francisco poderia viajar a Kiev em agosto. O papa é "o único líder para o povo agredido que sofre”, disse.

Dom Kulbokas tem 48 anos, nasceu na Lituânia e vive na Ucrânia há dez meses.

Em entrevista ao jornal italiano ‘Avvenire’, o núncio lamentou "a superficialidade com que o tema da guerra é abordado em vários países”.

“‘A Ucrânia ou a Rússia vencerá?’ Parece ser a única pergunta. Como se a guerra fosse um jogo”, afirmou.

Dom Kulbokas recordou as palavras do secretário para as Relações com os Estados da Santa Sé, dom Paul Richard Gallagher, que disse que “o pontífice está decidido a vir a Kiev: não é um projeto abstrato”.

O núncio na Ucrânia sublinhou que "o primeiro fator a avaliar é a sua condição física, que será 'testada'” na viagem ao Canadá, que teve início dia 24 e segue até 30 de julho. Acrescentou ainda que "fala-se de agosto para a viagem à Ucrânia".

“É um período que está sendo considerado, mas sem já ter uma data definida”, disse.

Referindo-se a uma possível viagem do Papa à Rússia, dom Kulbokas disse que o Francisco "repetiu que também quer contribuir pessoalmente para deter a guerra", portanto, "se ir a Moscou for útil nesse sentido, o pontífice deu sua plena disponibilidade”.

Sobre a visita à Ucrânia, o diplomata descreveu que “é um sinal de proximidade com as pessoas que sofrem. E esta é a melhor chave para entender o desejo do papa de estar entre nós”.

“Todo mundo o espera. Não apenas as pessoas. Não apenas católicos. Até as autoridades: do presidente Zelensky ao ministro das Relações Exteriores. Inclusive o prefeito de Kiev, Vitaliy Klitschko, o convidou oficialmente em uma carta em março”, disse.

Por fim, dom Kulbokas afirmou que, “além do papa, nenhuma outra figura pública no mundo pronunciou palavras tão fortes e claras para nosso povo ofendido”.

No entanto, o diplomata da Santa Sé lembrou que a linguagem do papa "não é uma linguagem política", porque ele condena moralmente a guerra. “Basta ouvir para perceber que a mensagem é muito clara. Mas a honestidade intelectual é necessária”, disse.

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