A médica espanhola Mónica López Barahona, membro do Conselho Diretivo da Pontifícia Academia para a Vida (PAV) e presidente da Fundação Jérôme Lejeune na Espanha, disse que a publicação de um livro pela academia da Santa Sé não mudou a doutrina da Igreja sobre anticoncepcionais. “Não é verdade que a Igreja ou o Magistério mudaram seus critérios morais em relação a algumas questões da Bioética”, disse López Barahona numa entrevista à qual ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, teve acesso.

“Em nenhum caso este volume representa uma declaração oficial da PAV e muito menos significa uma mudança no Magistério da Igreja, que, como se sabe, só acontece através de encíclicas papais, instruções do Dicastério para a Doutrina da Fé e declarações magisteriais explícitas”.

O livro a que ela se refere é Ética Teológica da Vida: Escritura, Tradição e Desafios Práticos (em tradução livre. O livro só foi publicado em italiano). Lançada neste mês, a obra compila o que foi apresentado num seminário teológico da academia de 2021, e que a PAV descreve como “uma contribuição que elabora uma visão cristã da vida, expondo-a a partir da perspectiva de uma antropologia adequada à mediação cultural da fé no mundo de hoje”.

López Barahona diz que “algumas das afirmações contidas no volume parecem contrastar com o Magistério da Igreja”, como defesa da "possível legalidade da contracepção em certos casos". Também em apoio da "legalidade de certas técnicas de reprodução assistida homóloga em certas condições (sem perda de embriões)". E, em terceiro lugar, apoiando “a inexistência de ações intrinsecamente más”.

Essas posições contradizem violam o que está prescrito nos documentos magistrais Humanae Vitae, do papa são Paulo VI, que proibiu o uso de anticoncepcionais, a instrução Donum Vitae, do papa são João Paulo II, sobre o respeito à vida humana nascente e a dignidade da procriação e Veritatis Splendor, também de são João Paulo II sobre a moral católica ter que ser baseada na verdade.

López Barahona diz que "nem todas as contribuições das pessoas que participaram do seminário estão incluídas no texto". Segundo ela, "houve vozes discordantes e críticas ao que foi dito neste texto".

Esse tipo de publicação "precisa de um processo de desenvolvimento e publicação mais prudente e com todas as instâncias envolvidas, como o Dicastério para a Doutrina da Fé, que a meu modo de ver deveria ter revisado o texto antes da publicação”, disse López Barahona.

O Conselho Diretivo da PAV desconhecia o texto antes de sua publicação

López Barahona explica que não é incomum um diálogo entre membros da PAV e em geral da Igreja com pessoas que possuem outros critérios bioéticos.

No entanto, "esta discussão deveria ter sido levada ao conhecimento do Conselho Diretivo da PAV" para sua avaliação e "não ter sido publicada até nova consideração e avaliação pela autoridade competente da Igreja".

Membros da Pontifícia Academia para a Vida "desconcertados"

López Barahona destaca que "o livro não é uma declaração oficial da Pontifícia Academia para a Vida sobre estes temas" e que não representa "os critérios morais de todos os seus membros", embora alguns deles tenham participado no seminário que originou a polêmica. "Prova disso é que alguns ficaram desconcertados quando viram a notícia da publicação do livro e do seminário, dos quais nada sabiam até aquele momento".

A confusão alastrou-se também a muitas pessoas "que viram esta notícia com surpresa e nos ligaram e escreveram". Segundo ela, o documento "causou confusão e escândalo nos meios de comunicação social e nas redes sociais".

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