O cardeal Leopoldo Brenes Solórzano, arcebispo de Manágua, Nicarágua, lamentou a expulsão das Missionárias da Caridade, congregação fundada por santa madre Teresa de Calcutá, da Nicarágua decisão tomada pela Assembleia Nacional e apoiada pelo governo do presidente Daniel Ortega.

"Diante da decisão da Assembleia Nacional de cancelar a personalidade jurídica da fundação das Irmãs Missionárias da Caridade de Santa Teresa de Calcutá, que prestavam assistência aos mais pobres de nossa sociedade nicaraguense, lamentamos profundamente a dor de tantos de nossos irmãos e irmãs que não terão mais os cuidados que recebiam das irmãs", disse Brenes num comunicado publicado na segunda-feira (4).

"Expressamos a elas a nossa gratidão por seu inestimável serviço às nossas igrejas locais. Queridas irmãs, contem com a nossa proximidade, solidariedade e nossas humildes orações", acrescentou o cardeal.

Segundo a agência Efe, a dissolução das Missionárias da Caridade e outras 100 ONGs na Nicarágua foi aprovada pela assembleia em 29 de junho como uma questão de caráter "urgente" e sem debate.

A Assembleia Nacional, órgão legislativo da Nicarágua, é controlada pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), liderada por Ortega, que está no poder há 15 anos.

As Missionárias da Caridade, que chegaram à Nicarágua em 1988 após uma visita da madre Teresa, administravam, entre outras obras, uma creche, um lar para meninas vítimas de abusos e uma casa de repouso para idosos.

Dom Rolando José Álvarez, bispo de Matagalpa, escreveu um tuíte agradecendo pelas coisas que aprendeu com as Missionárias da Caridade.

"Quero agradecer às irmãs de Calcutá porque me ensinaram a amar os idosos, os migrantes, os refugiados, os exilados, os requerentes de asilo, os não identificados, em suas casas e refeitórios. Deus as abençoe, irmãs", disse Álvarez.

A ofensiva do governo Ortega contra as Missionárias da Caridade, que ajudam os mais pobres da Nicarágua, vem somar-se aos mais de 190 ataques registrados nos últimos quatro anos contra a Igreja Católica

Estes ataques foram compilados no relatório "Nicarágua: uma igreja perseguida? (2018-2022)" pela advogada Martha Patricia Molina Montenegro, integrante do Observatório Pró-Transparência e Anticorrupção.

Confira também: