O papa Francisco mandou publicar na Internet a série “Judeus” do Arquivo Histórico da Secretaria de Estado – Seção das Relações com Estados e Organizações Internacionais (ASRS).

Em nota publicada em italiano, inglês e hebraico, este último idioma incomum nas comunicações da Santa Sé, mas relevante neste caso por ser a língua oficial de Israel, nação judaica, a Sala de Imprensa da Santa Sé indicou que os arquivos estão disponíveis no site: https ://www.vatican.va/roman_curia/secretariat_state/sezione-rapporti-stati/archivio-storico/serie-ebrei/serie-ebrei_it.html.

A nota afirma que "é uma série de documentos, relacionados ao pontificado de Pio XII (aberto para consulta em 2 de março de 2020), chamados 'Judeus', porque era destinada a preservar as instâncias de ajuda oferecidas pelo papa aos judeus de toda a Europa, após o início da perseguição nazista e fascista”, diz o comunicado da Santa Sé.

A série é composta por um total de 170 volumes, equivalentes em textos digitais a cerca de 40 mil arquivos. Inicialmente, estará disponível 70% do material, ao qual serão acrescentados posteriormente documentos ainda em fase de digitalização.

As informações disponíveis mostram uma foto de cada documento. Também será possível ter o inventário analítico da série, no qual foram transcritos todos os nomes dos beneficiários do auxílio que constam nos documentos.

A Secretaria de Estado recebeu um total de 2.700 pedidos de ajuda, aos quais respondeu ativando diversos canais diplomáticos para salvar os judeus perseguidos.

Pio XII, cujas virtudes heroicas foram reconhecidas em dezembro de 2009 junto com as do papa são João Paulo II, ainda hoje é acusado de não ter defendido os judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Mas, na verdade, pessoalmente e com uma rede de apoio de padres, freiras e leigos, conseguiu salvar 800 mil judeus da morte.

“Jogaram tudo em cima do pobre Pio XII. Mas devemos lembrar que antes ele era visto como o grande defensor dos judeus. Ele escondeu muitos nos conventos de Roma e outras cidades italianas, e também na residência de verão de Castel Gandolfo", disse o papa Francisco em entrevista ao jornal espanhol La Vanguardia, em 2014.

Em um artigo publicado em Vatican News, dom Richard Gallagher, secretário da ASRS, disse que, a disponibilização desses arquivos "permitirá que os descendentes daqueles que pediram ajuda procurem vestígios de seus entes queridos em todo o mundo".

“Ao mesmo tempo, permitirá que acadêmicos e qualquer pessoa interessada examinem gratuitamente e remotamente esse patrimônio arquivístico especial”, disse.

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