A Comunidade Católica Jesus Menino, que tem como carisma o cuidado de pessoas com deficiência, deu início à sua fundação na Europa no dia 26 de maio. Inicialmente, o trabalho está sendo feito com um grupo de famílias em Portugal, mas a proposta é ampliar para a acolhida a pessoas com deficiência de todo o continente.

“A importância de chegarmos à Europa é sermos sinal de que a vida está acima de tudo e Deus é o Senhor da vida. Estamos ali para ser um contraponto à cultura da morte e implantarmos a cultura da vida”, disse à ACI Digital o fundador da comunidade, Antônio Carlos Tavares de Mello, conhecido como Tonio.

A Jesus Menino é uma comunidade católica de vida consagrada que tem como carisma acolher Jesus Menino presente nas pessoas com deficiências. O fundador, Tonio, adotou e adota crianças, jovens e adultos especiais abandonados, que na sua maioria vieram de gestações de alto risco ou até mesmo de tentativas de aborto e, por isso, tiveram sequelas físicas ou mentais. A sede fica em Petrópolis (RJ) e a comunidade também tem uma casa de missão em Brasília (DF).

Tonio disse que a ligação da Jesus Menino com Portugal começou em 2013, quando “uma jovem chamada Judith”, da cidade de Vila Real, conheceu a comunidade por meio de um programa da TV Canção Nova. “Ela demonstrou um grande amor filial, sentiu que eu poderia ser o pai dela, mesmo ela tendo pai e mãe, por ter uma deficiência psicológica”, contou.

Então, “a mãe de Judith, Maria Luiza, me escreveu uma carta. Naquele ano, eu tinha uma viagem à Europa e fui à Portugal para conhecê-la”. Nessa viagem, disse Tonio, foi possível “levar a mensagem da Jesus Menino ao coração daquela família”.

Na ocsião, Tonio assistiu à missa do então bispo de Vila real, dom Amândio José Tomás, que lhe pediu que falasse às pessoas presentes. “Ali, pais de outras pessoas especiais vieram nos conhecer e nasceu o primeiro grupo da Jesus Menino em Portugal, com pessoas que têm filhos com deficiência e gostariam de ter um apoio, uma palavra para sustentar a paternidade, pois muitos pais têm a dificuldade de conviver com a deficiência dos filhos”, disse Tonio.

Segundo ele, a partir desse grupo, “nasceu o desejo de criar um grupo de aliança, que caminhou até agora entre visitas, missas, celebrações, retiros”. Até que no mês passado, conseguiram fundar a Comunidade Jesus Menino Europa. “Foram feitos os estatutos, registros nacionais e internacionais, todos dimensionados para a Europa, feitos com o acompanhamento de advogados em cartório”, contou o fundador. Segundo Tonio, o trabalho também é acompanhado por “padre Manuel Coutinho, o sacerdote delegado pelo bispo de Vila Real [dom António Augusto de Oliveira Azevedo] para acompanhar o grupo, dando o discernimento necessário para esta fundação”.

O grupo em Portugal é composto por nove famílias, com filhos com deficiências. “Esses filhos vivem com seus pais e o desejo deles é que, futuramente, quando os pais não existirem mais, a comunidade os adote e também outras crianças que tiverem no caminho de orfandade”.

Atualmente, dois consagrados da Jesus Menino estão em Portugal. “Os trabalhos realizados são de acompanhamento das famílias, dando o respaldo psicológico, espiritual, afetivo, para que percebam que têm um grande presente que é a vida de seus filhos”, disse Tonio. Segundo ele, agora, buscam também por uma casa para ser sede da comunidade em Portugal e, quando for definida essa residência, mais quatro consagrados partirão para a Europa.

“Após a fundação em Vila Real, fomos à Fátima e, por obra de Deus, apareceu uma casa bem próxima ao santuário que comportaria toda a fundação da Jesus Menino como família que adota pessoas com deficiência”, disse. Segundo ele, tudo está sendo estudado e conversado, “para ver se é a vontade de Deus”.

“Vamos fazer lá o mesmo que fazemos no Brasil, amar sem medidas, ser família, ser sinal de Deus. Sabemos que nós não iremos resolver as situações de abandono de pessoas com deficiência no mundo, mas queremos ser esse sinal”, disse Tonio. A missão está começando em Portugal, mas, “ficaremos felicíssimos de ampliar cada vez mais por toda a Europa”.

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