Saba Nadeem Masih, paquistanesa católica de 15 anos, denunciou que um muçulmano a sequestrou, estuprou e forçou a se converter ao islã e a se casar com ele. Saba disse ao tribunal de Faisalabad, Paquistão, na segunda-feira (6) que Muhammad Yasir Hussain, de 45 anos, a sequestrou em 20 de maio, quando ela ia trabalhar com sua irmã mais velha.

“Estávamos a caminho do trabalho quando o acusado me colocou à força em um bicitáxi depois de empurrar minha irmã. Depois ele colocou algo na minha boca e eu fiquei inconsciente”, testemunhou Saba.

Quando recuperou a consciência, dois dias depois, Saba estava em Gujrat, a cerca de 250 quilômetros ao norte de Faisalabad.

“Ele me estuprou por dois dias. Continuei chorando e implorei para ele me deixar falar com meus pais, mas ele não ouviu. Depois de dois dias, o acusado me deixou sozinha no local onde me mantinha refém”, disse Saba.

“Saba sofria de graves traumas mentais e físicos quando parentes do acusado a levaram à polícia em 31 de maio”, disse a ativista de direitos humanos de Faisalabad, Lala Robin Daniel, ao Morning Star News. “A recuperação foi possível graças à pressão exercida por líderes eclesiais e ativistas de direitos humanos que fizeram um protesto diário das 19h até meia-noite”.

A ativista relatou que após os protestos, a polícia, inicialmente lenta para agir, começou a prender pelo menos 20 parentes de Hussain para interrogatório.

"Essa pressão resultou no resgate de Saba, embora o principal acusado ainda esteja foragido", disse ela.

A ativista explicou que o que acontecer com este caso será "muito importante porque expõe como esses predadores exploram sexualmente meninas de religiões minoritárias e depois preparam documentos falsos de casamento islâmico e conversão religiosa para buscar imunidade para seus crimes".

“A declaração de Saba prova que o Nikah [casamento] islâmico e os certificados de conversão apresentados pelos acusados à polícia são falsos. Ele agora deveria ser acusado de estupro de menores e crimes relacionados e se tornar um exemplo para todos aqueles que atacam meninas de grupos minoritários", disse Lala ao Morning Star News.

Segundo a Comissão Nacional de Justiça e Paz da Conferência dos Bispos Católicos do Paquistão, há cerca de mil relatos de jovens cristãs e hindus sendo sequestradas a cada ano para casamento forçado e conversão ao Islã.

O diretor do Centro de Justiça Social (CSJ), Peter Jacob, disse em janeiro de 2022 que cerca de 70% das mulheres convertidas à força no Paquistão no ano passado tinham menos de 18 anos.

“Em 2020, 15 casos foram destaque na mídia, mas em 2021, cerca de 60 casos foram destacados”, relatou.

Na Lista Mundial de Perseguição de 2022 da organização cristã internacional Portas Abertas, o Paquistão ficou em oitavo lugar dos 50 países onde é mais difícil ser cristão. Neste país os cristãos são considerados cidadãos de segunda classe e são discriminados em todos os aspectos da vida.

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