Nossa Senhora "ensina a enfrentar a crise" e uma maneira de aprender com Maria é contemplando as dores que ela teve que passar, disse o padre Astolfo Moreno, presidente da fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) na Colômbia.

O padre falava ao Congresso Nacional Mariano, ocorrido em Pereira e Medellín nos dias 21 e 22 de maio, respectivamente. Sua palestra tinha o título: "Em tempos de crise, sob a proteção de Maria".

"Como Maria enfrenta a crise? Acho que para todos nós que temos uma certa devoção mariana, a contemplação das dores da Virgem está bem próxima". Elas "nos falam sobre como Maria enfrenta a crise”, disse o padre Moreno.

O presidente da ACN Colômbia falou sobre a antiga tradição cristã de contemplar as dores da Virgem Maria, que lembram momentos da vida de Maria nos quais ela partilhou de forma única a profundidade do sofrimento e do amor pelo sacrifício de seu Filho Jesus.

Padre Moreno referiu-se à primeira dor de Maria, na apresentação de Jesus no templo de Jerusalém, onde o velho Simeão profetizou: "este Menino está destinado a ser uma causa de escândalo, uma causa de queda para muitos, e que uma espada trespassará o coração da Virgem, mas esse Menino tem a missão de ser um salvador”.

O padre perguntou: "Quando algo difícil nos é anunciado, como Maria enfrenta uma profecia? Ela se enche de angústia? Ela se enche de desespero?"

"Maria sabe que há uma dificuldade a enfrentar, mas não foge dela", disse e convidou as pessoas a se perguntarem: "Como você está enfrentando a possibilidade de um futuro adverso? Com desespero ou paranoia? Ou com a serenidade da Virgem?"

Depois, falou sobre a adversidade que Maria teve que enfrentar quando Herodes ordenou o assassinato de todas as crianças de Belém, menores de dois anos. A fuga para o Egito, para uma terra desconhecida, “era parte do que ela enfrentou e aceitou, e fazia parte do mistério da salvação. Ela também tinha que levar o Salvador para este lugar”, disse ele.

Depois há o momento em que Jesus se perde e é encontrado no templo em Jerusalém. "Este menino que a desconcerta, que lhe dá respostas que ela não consegue entender: 'Eu tinha que estar nas coisas de meu Pai'. Quantas vezes os que nos são próximos nos desconcertam? O não querer controlar tudo, o não pretender que tudo funcione de acordo com meus planos, e até mesmo aqueles próximos a mim", disse o padre.

Já com Cristo adulto, Maria sofre a dor de vê-lo flagelado e carregando a cruz. “Como diz a tradição da Igreja, ela se encontra com Jesus na via sacra, na quarta estação. Jesus encontra sua Mãe Santíssima. Era necessário que o Messias sofresse.”

Moreno disse aos participantes do congresso que “às vezes parece que somos cristãos que querem viver um cristianismo sem cruz. Que afirmamos com uma espécie de mentalidade protestante que estar com Cristo supõe saúde, dinheiro e aprovação dos outros; mas para ressuscitar Jesus teve que morrer”.

“E não se trata de acolher uma espécie de fatalismo ou uma espécie de destino cego contra o qual não se pode agir, mas trata-se do fato de o cristão ser chamado com Cristo à cruz e não simplesmente tentar manipular os poderes temporais”, explicou.

Em seguida, referiu-se ao momento em que “Maria recebeu o corpo de Jesus descido da cruz. Essa dor de encontrar um cadáver”. “Sempre há um ponto como a noite escura, que parece que nada pode esclarecer; e parece que é necessário que tenhamos que passar por lá porque é o único momento em que podemos nos despojar de tudo, de toda segurança humana, de toda referência humana e só confiar em Deus”, afirmou.

Por fim, destacou, é quando o corpo de Jesus é sepultado, "o que no final supõe deixá-lo lá no túmulo esperando que Deus aja". "Há momentos em que podemos esgotar todas as possibilidades humanas e só temos Deus para fazer alguma coisa (...), como os santos também tiveram que enfrentar", lembrou.

Recordando as perseguições e crises da Igreja primitiva, narradas nos Atos dos Apóstolos, Moreno destacou que "o modo como Deus conduz a história não é como eles (os discípulos) esperam".

“A maneira como Deus conduz a história passa pela adversidade, e a adversidade é um instrumento de santificação”, disse ele.

Confira também:

Mais em